«Biografias enoveladas» foi assim que Camilo Castelo Branco definiu as suas Novelas do Minho, uma obra já influenciada pelo naturalismo e considerada de transição na escrita camiliana. A sua publicação em 1875-1876 é contemporânea, por exemplo, de O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós.
As Novelas do Minho foram editadas, pela primeira vez, pela Livraria Editora Mattos Moreira, em doze pequenos fascículos de distribuição mensal. Com dimensões desiguais as oito novelas («Gracejos Que Matam», «O Comendador», «O Cego de Landim», «A Morgada de Romariz», «O Filho Natural», «Maria Moisés», «O Degredado» e «A Viúva do Enforcado») mais do que um retrato minhoto são a descrição do Portugal contemporâneo a Camilo, que o dá a conhecer brilhantemente num registo realista, satírico e crítico, onde o bucolismo idílico cede o lugar à dura realidade.
No entanto, em muitos dos enredos continuam a persistir os temas tradicionalmente camilianos como as bastardias, os casamentos forçados, os enjeitados, as tiranias paternas… Afinal os leitores de Camilo não dispensavam a trama intrincada, tão ao jeito dos folhetins.
Precisamente, em jeito de folhetim, a Imprensa Nacional está a disponibilizar no seu sítio de Internet (www.incm.pt), todas as terças-feiras, uma destas novelas. Depois de «Gracejos que Matam», hoje fica disponível «O Comendador», uma novela que conta a história de um enjeitado que faz fortuna no Brasil, regressando às origens, muitos anos depois, para limpar a honra daquela a quem deixara a vergonha de um bastardo.
Este volume da «Edição Crítica de Camilo Castelo Branco» tem edição de Ivo Castro e de Carlota Pimenta.
Boas leituras!