Gil Vicente, uma das «pedras angulares do cânone literário ibérico», para muitos o «pai do teatro português», foi um homem enraizado no seu tempo, como atesta tudo o que escreveu. No entanto, cinco séculos depois a sua obra continua a suscitar interesse e debate: no ensino (quer do ponto de vista literário quer do ponto de vista dos estudos teatrais), nos palcos e, claro, nas edições.
Prova disso: o mais recente Compêndio de Gil Vicente acaba de ser publicado em conjunto pela Imprensa Nacional e pela Imprensa da Universidade de Coimbra, contando com a coordenação dos professores universitários José Augusto Cardoso Bernardes (Universidade de Coimbra) e José Camões (Universidade de Lisboa).
Este volume trata-se de uma obra extensa e abrangente, que conta com a participação de vários reputados investigadores vicentistas de diferentes gerações e nacionalidades. Entre eles constam os nomes de: Amélia Maria Correia, Armando López Castro, Christine Zurbach, Hélio J. S. Alves, Isabel Almeida, Telmo Verdelho, João Nunes Sales Machado, Jorge A. Osório, José Javier Rodriguez Rodriguez, Manuel Calderón Calderón, Patricia Odber de Baubeta, Pere Ferré, Sebastiana Fadda, Maria Idalina Resina Rodrigues, entre outros.
Esta é uma edição que pretende colocar à disposição um instrumento preferencial de pesquisa, cumprindo o objetivo de facultar ao universo de leitores de Gil Vicente uma abordagem rigorosa, sistemática e segura.
Recorde-se que Gil Vicente é um dramaturgo que une as tradições medievais e renascentistas e o seu nome figura ao lado de nomes tão importantes como Juan del Encina ou Lucas Fernández. São ainda muitos os enigmas concernentes à sua biografia. Nasceu presumivelmente em 1465, tendo vindo a falecer em 1536, ao que tudo aponta na cidade de Évora. Homem de muitos talentos acredita-se que tenha sido mestre da balança da Casa da Moeda e membro do conselho da cidade de Lisboa. Os seus trabalhos foram publicados pela primeira vez por Luis e Ana Vicente, seus filhos, em a Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente a qual se reparte em cinco liuros. (1562), obra que reúne os diferentes géneros que Gil Vicente cultivou, tanto de caráter devoto (milagres, mistérios ou moralidades), como de índole profana (comédias, farsas ou tragicomédias).
Recorde-se, por fim, que As Obras de Gil Vicente foram publicadas em cinco volumes pela Imprensa Nacional em 2002, contando com a direção científica de José Camões e prefácio de Ivo Castro.