Carolina nasceu, em Berlim, a 15 de Março de 1851. Era a filha mais nova de Gustav Michaëlis, um professor de matemática alemão e de Luise Lobeck.
Aos 16 anos, Carolina começou a publicar, em revistas alemãs da especialidade, trabalhos sobre língua e literatura espanhola e italiana. O interesse pela língua portuguesa chegaria mais tarde.
Em 1876, Carolina Michaëlis casa-se com Joaquim António da Fonseca Vasconcelos, uma figura eminente nos estudos da História de Arte em Portugal ( no dizer de José Augusto França, o «real fundador da História da Arte em Portugal») e que fez os seus estudos na Alemanha.
Já a viver em Portugal (no Porto) e no âmbito das suas investigações nas áreas da Literatura, Filologia e Folclore (entre outras) Carolina Michaëlis manteve uma pródiga atividade epistolar com inúmeros intelectuais portugueses e também estrangeiros. No seu espólio encontram-se, por exemplo, as correspondências que trocou com nomes como: Eugénio de Castro, Antero de Quental, João de Deus, Henrique Lopes de Mendonça, José Leite de Vasconcelos – um dos mais entusiastas adeptos da entrada das duas senhoras para a Academia -, o Conde de Sabugosa, Braamcamp Freire, Sousa Viterbo, Alexandre Herculano, Egas Moniz e Ricardo Jorge.
A sua elevada bitola intelectual e as suas investigações fizeram de Carolina Michaëlis uma das figuras mais respeitadas do seu tempo, tornando-se, por convite, na primeira mulher a ensinar no ensino universitário em Portugal. Tinha 60 anos de idade e ensinava Língua e Literatura Alemã.
Remontam a cerca de 180 os títulos publicados por Carolina Michaëlis de Vasconcelos. Destaque para:
– Poesias de Sá de Miranda, 1885
– História da Literatura Portuguesa, 1897
– A Infanta D. Maria de Portugal e as suas Damas (1521-1577), 1902
– Cancioneiro da Ajuda (2 volumes), 1904
– Dicionário Etimológico das Línguas Hispânicas
– Estudos sobre o Romanceiro Peninsular: Romances Velhos em Portugal
– As Cem Melhores Poesias Líricas da Língua Portuguesa, 1914
– A Saudade Portuguesa, 1914
– Notas Vicentinas: Preliminares de uma Edição Crítica das Obras de Gil Vicente, 1920-1922
– Autos Portugueses de Gil Vicente y dela Escuela Vicentina, 1922
– Mil Provérbios Portugueses
Carolina Michaëlis dirigiu ainda (até à sua morte, em 1925) a revista «Lusitânia, Revista de Estudos Portugueses» uma das mais prestigiantes publicações da época, cujos objetivos programáticos encontram-se na nota de abertura primeiro número:
Aspira a LVSITANIA a ser um órgão da nossa cultura, posto ao serviço da Reconstrução Nacional. Órgão independente, emprêsa espiritual – pois nem sequer tem a revista outro editor que não seja a sua redacção – vem esta publicação enquadrar-se no grande movimento de re-criação do Espírito da Pátria, para o servir com sinceridade pura, isenção honrada e fé ardente na verdade imortal da Nação Portuguesa – verdade imortal e pairante sobre o medíocre, o contingente e o provisório. Amamos e queremos servir a Terra Lusa em todas as irradiações da alma avoenga e contemporânea. Eis o nosso programa.
Em 1986 a Imprensa Nacional dedicou um Essencial Sobre a Carolina Michaëlis de Vasconcelos, a douta e prestigiada intelectual nascida na Alemanha, cujo legado que deixou à cultura portuguesa é preciosíssimo.
A autoria é de Maria Assunção Pinto Correia. Conheça mais detalhes sobre esta obra na nossa loja online. Aqui.