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Carlos Reis em entrevista #3/4. «Na literatura está muito da nossa maneira de ser, da nossa atitude perante a vida.»

Autores BFLP Carlos Reis Literatura Portuguesa

(continuação da 2.ª parte)

O EÇA POR DESCOBRIR

Prelo (P) — O que é que lhe falta descortinar do Eça de Queirós? Se pudesse, hipoteticamente, jantar com ele…

Carlos Reis (CR) — Vou-lhe dizer uma coisa que lhe vai parecer estranha: acho que não gostava de jantar com o Eça. Talvez ficasse desiludido. Construí, ao longo dos anos, uma imagem tão bonita do Eça e o Eça não era perfeito seguramente… talvez ficasse desiludido ao jantar com ele. Prefiro ficar com a imagem construída a partir dos livros e, sobretudo, deixe-me dizer isto, não sou partidário, nunca fui e nunca serei de uma visão de um escritor que se limite às pequenas curiosidades da vida do escritor. Isso não explica praticamente nada da obra. É uma espécie de arqueologia da devassa que pouquíssimo tem que ver com a extraordinária qualidade dos textos do Eça.

P — Então, vou reformular a pergunta. Falta-lhe descortinar alguma coisa da obra do Eça?

CR — Sim, falta. Olhe, isso tem a ver com um projeto de investigação que nesta altura estou a coordenar no meu centro de investigação e que se chama Figuras da Ficção. É um projeto de investigação sobre a forma como os escritores fazem personagens. Falta‑me perceber melhor como é que o Eça fazia as personagens.

 

EÇA E ASSIS: ADMIRAÇÃO E RIVALIDADE

P — Fala-se numa certa rivalidade entre o Machado de Assis e o Eça, que talvez se odiassem. Era mesmo assim?

CR — Não é bem assim! Se tiver paciência para me ouvir, vou contar-lhe a história…

P — Claro que sim!

CR — O Machado de Assis era um pouco mais velho que o Eça. O Eça nasceu em 1845 e o Machado em 1839. Nos anos 70, o Machado de Assis era um crítico literário já com alta influência no Brasil, e, em 1878, quando saiu O Primo Basílio — já tinha saído a segunda versão de O Crime do Padre Amaro — o Machado de Assis escreveu uma crítica em duas partes, num jornal chamado O Cruzeiro. Era, de facto, uma crítica muito severa para O Primo Basílio. O Machado entendia que o Eça tinha uma visão do naturalismo muito repulsiva, muito chocante, e, por vezes, até pornográfica. O Machado era um pouco moralista nestas coisas, pelo menos naquela época. O Eça conheceu essa crítica e ficou, evidentemente, um pouco sentido, mas teve a inteligência suficiente para perceber que o Machado de Assis tinha razão nalgumas coisas. Quando reescreveu O Crime do Padre Amaro, e isso está estudado pelo Professor Alberto Machado da Rosa, omitiu determinadas coisas em função da crítica de Machado de Assis. Nunca houve diálogo epistolar entre eles, embora o Eça tivesse desafiado o Machado para isso, mas o Machado tinha um temperamento um pouco especial. Houve, sim, uma grande admiração entre eles. Talvez mais do Machado pelo Eça do que do Eça pelo Machado. Julgo que o Machado conhecia bem as obras do Eça, não sei se o Eça conheceria tão bem as obras do Machado de Assis. O Eça morreu a 16 de agosto de 1900 e há uma carta de Machado de Assis do dia, salvo erro, 18 ou dia 20 de agosto, a um amigo, Henrique Chaves. O Machado tinha vindo de um funeral de um outro amigo, o Ferreira de Araújo, que tinha sido diretor da Gazeta de Notícias onde o Eça tinha colaborado. E essa carta, que é uma carta curta, é uma carta tocante, comovente porque o Machado diz mais ou menos «fui enterrar este nosso amigo [Ferreira de Araújo] e, ao mesmo tempo, soube da notícia do desaparecimento de Eça de Queirós (…) foi-se o melhor de nós», escreveu o Machado de Assis. Até fico arrepiado! O Machado era um grande escritor. Atenção, não era inferior ao Eça! Mas tinha a elevação para reconhecer que o Eça era um grande escritor, apesar daquele pequeno incidente.

A ELEVAÇÃO DO NOME DE EÇA

P — Não há melhor forma de distinguir um escritor que não seja lendo as suas obras. Acha que os portugueses sabem valorizar o Eça?

CR — Penso que sim! É inquestionável que o Eça continua a ser um dos escritores portugueses que mais se vende. Por alguma razão será. Claro que há pessoas que compram e não leem, há estudantes do ensino secundário que se calhar leem obrigados e outros que fingem que leem. Também não sou muito dramático quanto a isso. Para mim, a literatura é o centro da minha vida mas não tem de ser o centro da vida de toda a gente. Há pessoas para quem o centro da vida é a matemática, para outras o desporto… Acho que na literatura está muito da nossa maneira de ser, da nossa atitude elevada perante a vida e isso deve ser facultado democraticamente a toda a gente, mas não pode ser obrigatoriamente imposto a toda a gente.

P — Numa entrevista que deu a Rogério Mendonça afirmou que «a elevação do nome de Eça ou de qualquer grande escritor, passa pela boa edição das suas obras e isso infelizmente nem sempre acontece em Portugal». O que é que falta para fazer, para que isto mude?

CR — Falta dar aos editores comerciais a consciência de que quando estão a editar um texto estão a trabalhar com uma obra de arte que tem de ser respeitada e que uma vírgula a mais ou a menos num texto pode alterar o seu sentido. Dou-lhe apenas um exemplo de um erro que sucessivas edições têm cometido em Os Maias: a certa altura, num episódio onde se está falar sobre a questão do naturalismo, onde o poeta Alencar estava muito impressionado com o avanço do naturalismo, diz-se «esses estilos tão preciosos e tão dúcteis». Isto é o que se lê em quase todas as edições. O que o Eça escreveu foi «esses estilos tão precisos e tão dúcteis». É isto que está na primeira edição. Depois introduziu‑se aqui uma gralha que é uma das piores que pode haver porque corresponde a uma palavra que existe. Isto é um exemplo entre muitos. Um editor comercial deve ter consciência de que se vai fazer uma edição comercial deve tentar olhar para a melhor edição. É isto que nós fazemos na Biblioteca Fundamental [da Literatura Portuguesa]. Este é um critério absolutamente decisivo. Os editores comerciais têm que ter a noção disso.

P — O que é que sente quando vê a venda d’Os Maias disparar depois do filme de João Botelho ou d’O Crime do Padre Amaro, do Carlos Coelho da Silva.

CR — Sinto-me bem. Acho que esse efeito é um bom efeito. Não tenho absolutamente nada contra o facto de as pessoas irem ler o livro depois de verem o filme. Concretamente, em relação ao recente filme do João Botelho, que não me entusiasmou extraordinariamente, apesar da admiração que tenho pela obra do João Botelho como cineasta. Mas só o facto de 40 mil, 50 mil ou 60 mil pessoas terem visto o filme e terem sido impulsionadas, muitas delas, a dialogarem com o romance que tinham ou que foram ler, isso é um facto que eu considero extremamente positivo.

P — Será que o cinema está a colmatar uma falha da escola?

CR — Às vezes, pode colmatar essa falha. Às vezes, pode substituir ou tentar substituir a leitura. Em dez jovens de 16 ou 17 anos talvez três ou quatro sejam capazes de perceber um romance com a dimensão d’Os Maias e gostem até mais do romance do que do filme. Se for assim já é bom. Se o cinema serve para isso ótimo! Se serve só para uma pessoa passar duas horas ou três horas a olhar para imagens que trazem palavras, ideias, personagens de um escritor, também é bom.

(continua)

TPR

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