Alexandra Barreiros, portuguesa a residir em Genebra, na Suíça, é a vencedora da 3.ª edição do Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro, atribuído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda em parceria com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, no âmbito da ação cultural junto das comunidades portuguesas.
O Resto do Meu Nome é a obra galardoada da 3.ª edição deste prémio dirigido a portugueses residentes no estrangeiro e a lusodescendentes. Este é um prémio que visa reforçar os vínculos de pertença à língua e à cultura portuguesas e, ao mesmo tempo, homenagear a grande figura das letras portuguesas do século XX que foi José Maria Ferreira de Castro (1898-1974).
A obra, do domínio da prosa (crónica), foi selecionada entre mais de meia centena de trabalhos, oriundos de vários pontos do globo: Holanda, Inglaterra, França, Noruega, Alemanha, Suíça, Angola, Dinamarca, Bélgica, Canadá, Luxemburgo, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria e Brasil. Um resultado que representa uma sólida adesão e interesse neste galardão, expressos não só nos números, mas também na qualidade dos trabalhos rececionados.
Tal como nas edições anteriores do Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro, o júri foi presidido pelo académico Carlos Reis e integrou também a editora-chefe da Imprensa Nacional, Paula Mendes, e a professora universitária Fátima Marinho.
A propósito de O Resto do Meu Nome, o júri realçou a «qualidade estilística do texto, numa bem conseguida interpretação da crónica como género narrativo testemunhal e no diálogo estabelecido, no quadro daquele género, com lugares, com gentes e com situações culturais muito diversas, dando nota de capacidade de observação não destituída de sentido crítico.» O júri destacou ainda o «corolário da deambulação por diferentes lugares de que as crónicas dão nota é uma tonalidade cosmopolita que valoriza consideravelmente aquele olhar crítico.».
O júri decidiu atribuir ainda duas menções honrosas às obras A Esquecida História de Hans Wolf (romance), de Liliana China (portuguesa a residir na Bélgica), e A Carta de Ménides (poesia), de Luís Lereno (português a residir em Inglaterra).
Relativamente ao trabalho de Liliana China, o júri fundamentou a sua escolha por este ser «um relato denso, desenvolvido em torno de personagens sugestivas e com forte tensão narrativa.».
No que respeita ao trabalho de Luís Lereno o júri disse tratar-se «de um conjunto de poemas com uma componente de discursividade tendencialmente narrativa, elaborada em termos estilísticos e com evidente riqueza imagística».
A vencedora, Alexandra Barreiros, nasceu a 9 de outubro de 1969. Três anos depois, o pai, diplomata, foi colocado em Paris, onde Alexandra passou a frequentar a primeira escola em francês. Foi então que começou uma errância pelo mundo (sobretudo na Europa) que continua até hoje.
É professora de língua e literatura francesa, tendo um mestrado em Relações Internacionais, que obteve em Viena. Foi na Polónia, em Varsóvia, que começou a dar aulas de francês, e também de inglês na Universidade de Finanças e Gestão. Foi ainda professora de Literatura, primeiro em Helsínquia, no centro Cultural Francês (de 2004 a 2009) e depois em Bruxelas, onde ensinou Literatura Comparada numa Universidade privada dedicada à escrita criativa e audiovisual (de 2010 a 2012). Alexandra Barreiros sempre sentiu um fascínio pela palavra escrita. Os seus autores preferidos são Marcel Proust, Fernando Pessoa, Eça de Queirós, e Witold Gombrowicz.
Alexandra Barreiros escreve em português e também em francês e em inglês. Atualmente, vive com o marido finlandês e os dois filhos, em Genebra, onde ensina Francês Língua Estrangeira.
Além dos 5000 € (cinco mil euros) do valor pecuniário do prémio, Alexandra Barreiros deverá ver, no próximo ano, a publicação do seu trabalho pela editora pública portuguesa, a Imprensa Nacional.
O Prémio Imprensa Nacional/Ferreira de Castro distinguiu na primeira edição, em ex aequo, as obras Não Viajarei por Nenhuma Espanha, do lusodescendente Marcus Quiroga Pereira (1954-2020), e Uma Casa no Mundo, de Irene Marques, portuguesa a residir no Canadá, e na segunda edição a obra Antes Ontem que Amanhã, de Mónica Auer, portuguesa a residir na Alemanha.