A Hipótese Cinema — Pequeno tratado sobre a transmissão do cinema dentro e fora da escola, do realizador e ensaísta francês Alain Bergala, publicado pela primeira vez, em 2002, pela Cahiers du Cinéma, encontra-se agora traduzido para português (Portugal) e é o título que vem inaugurar a coleção PNA, uma coleção que resulta de uma parceria entre o Plano Nacional das Artes e a Imprensa Nacional.
Nas palavras de Paulo Pires do Vale, comissário do Plano Nacional das Artes, esta é uma coleção que procura «pensar e propor práticas de proximidade significativa entre as artes, os patrimónios, as culturas e os processos educativos, os cidadãos, as comunidades — na certeza de que necessitamos da mediação cultural, na fruição e na criação, e nas suas múltiplas linguagens, para cada um se conhecer a si mesmo e alargar o seu horizonte de possibilidades, o seu mundo».
Depois da apresentação do número inaugural da coleção PNA, A Hipótese Cinema, no Rivoli, Teatro Municipal do Porto, no Teatro Viriato, em Viseu, e na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, segue-se agora, no próximo dia 7 de maio, pelas 17h45, a apresentação em Viana do Castelo. A sessão terá lugar no Teatro Sá de Miranda.
A edição portuguesa de A Hipótese Cinema — Pequeno tratado sobre a transmissão do cinema dentro e fora da escola integra ainda a publicação da entrevista «Falar e escrever sobre filmes e ensinar cinema são as derradeiras e únicas formas de resistência contra o consumo e a amnésia», que Alain Bergala concedeu, em 2016, a Alejandro Bachmann.
No ano de 2000, Jack Lang encarregou Alain Bergala de elaborar um projeto para o cinema, no âmbito do plano de cinco anos para a introdução das artes no currículo obrigatório desde o ensino básico, o qual seria implementado pela Missão de Educação Artística e de Ação Cultural, na qual Bergala ocupa o cargo de conselheiro para o cinema. (…) Formula (…) a «hipótese do cinema» que guia esta ação, definindo-se as condições para que a transmissão do cinema seja inovadora, tanto dentro como fora da escola (…) A questão preliminar e central consiste em saber como ensinar o cinema enquanto arte em ambiente escolar, tendo em conta que a arte é — e deve permanecer — precisamente uma semente de mudança profunda na instituição. Como escolher os filmes a mostrar aos alunos? Como expor as crianças a este encontro? O que nos oferece o dvd? Deve falar-se do cinema e da televisão? A educação em cinema passará obrigatoriamente pela passagem ao ato de realização na sala de aula? Como seria uma análise de filmes que visasse uma iniciação à criação? (…) Este ensaio permite situar os desafios do seu desenvolvimento em grande escala no contexto global da Educação Nacional, desde o infantário até ao 12.º ano, bem como, de um modo mais geral, os desafios à transmissão do cinema como arte às gerações mais jovens.
In A Hipótese Cinema
Alain Bergala é cineasta de ficção e de documentários e professor de cinema na Fémis e em Paris III. Foi também chefe de redação da revista Cahiers du Cinéma, conselheiro para o cinema do ministro da cultura Jack Lang. O ensaísta tem dedicado vários estudos às obras de autores como Jean-Luc Godard, Victor Erice e Abbas Kiarostami. Alain Bergala é provavelmente um dos maiores nomes do estudo e da prática da relação entre o cinema e a infância, tendo defendido e trabalhado sobre as questões da pedagogia e da transmissão do cinema, que entende ser uma área fundamental da educação artística nas escolas.