Publicadas pela primeira vez, em Lisboa, pelo editor Matos Moreira entre 1875 e 1877, em doze pequenos livros brochados, as Novelas do Minho são oito. A saber: Gracejos Que Matam, O Comendador, O Cego de Landim, A Morgada de Romariz, O Filho Natural, Maria Moisés, O Degredado e A Viúva do Enforcado.
Quando foram escritas estas Novelas, Camilo Castelo Branco permanecia com regularidade em S. Miguel de Ceide, Vila Nova de Famalicão. Assim, todas as novelas foram redigidas neste lugar minhoto, à exceção de O Comendador, que foi escrito em Coimbra.
Em jeito de folhetim, à moda e ao gosto (e também à premente necessidade) de Camilo Castelo Branco, a Imprensa Nacional está a disponibilizar no sítio de Internet www.incm.pt, todas as terças-feiras, uma das narrativas que compõem as Novelas do Minho, publicadas pela primeira vez entre 1875 e 1876. A edição da Imprensa Nacional de Novelas do Minho é uma edição genética publicada, em 2017, na coleção «Edição Crítica das Obras de Camilo Castelo Branco», sob coordenação do académico Ivo Castro, da Faculdade de Letras de Lisboa.
Depois de Gracejos que Matam, O Comendador e Cego de Landim, hoje fica disponível:
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A Morgada de Romariz foi dedicada a Francisco Teixeira de Queiroz, autor da Comédia do Campo, a quem Camilo «saúda com superior admiração e indelével reconhecimento». O presente volume tem edição de Ivo Castro e de Carlota Pimenta.
As Novelas do Minho pertencem a um lote afortunado de cinco obras camilianas de que foram conservados os originais manuscritos, todas elas escritas entre 1873 e 1877 e publicadas em Lisboa pelo editor João Baptista de Matos Moreira. São elas O Demónio do Ouro (1873), O Regicida (1874), A Caveira da Mártir e a História de Gabriel Malagrida (1875), e desse ano até 1877 as Novelas. Matos Moreira ainda publicou no mesmo período A Filha do Regicida, o segundo volume do Curso de Literatura Portuguesa e a Vida Futura, obras de que não restam manuscritos naquele lote; também faltam os originais de duas novelas: O Comendador e O Degredado. Apesar destas falhas, o conjunto de manuscritos é singular pela sua integridade: escritos quase ao mesmo tempo, foram processados tipograficamente e convertidos em livro na mesma casa editora, tendo depois sido propriedade de um colecionador camilianista, Rodrigo Simões Costa, que possivelmente os comprou em bloco ao editor e, por morte, os legou com a sua biblioteca camiliana à Biblioteca Municipal de Sintra, onde hoje ocupam lugar de honra. O mérito maior cabe ao editor Matos Moreira, que percebeu o futuro valor económico dos originais camilianos e os resguardou, para depois os mercar. Viria depois, em 1883, a forçar Camilo a leiloar uma parte da sua biblioteca, para se reembolsar de adiantamentos e empréstimos sem contrapartida. Se esse episódio não nos faz agradecer a dispersão da livraria do escritor, onde figuravam muitas obras que haviam servido de antetexto aos seus escritos, já quanto ao primeiro episódio é credor Matos Moreira do reconhecimento dos estudiosos camilianos, especialmente os de veia filológica.
Ivo Castro in Novelas do Minho, «Nota Editorial»