As edições da Imprensa Nacional continuam, em 2021, a ir ao encontro da missão primordial da editora: garantir que obras essenciais da cultura nacional e universal estão disponíveis e a preços acessíveis.
Em 2020 a Imprensa Nacional, a marca editorial da INCM, redirecionou a sua estratégia editorial para o digital (não apenas livros, mas também outros conteúdos culturais) e a palavra de ordem da editora pública portuguesa para 2021 é, portanto, continuidade, mas com muitas novidades.
A começar com a monumental tradução da Divina Comédia de Dante Alighieri, da responsabilidade de Jorge Vaz de Carvalho, que vai integrar a coleção «Itálica». Este título surge no ano em que se assinala o 7.º centenário do desaparecimento daquele que é considerado o maior poeta da língua italiana. Ainda na «Itálica» atenção especial para a tradução de uma vasta seleção de peças de Luigi Pirandello, numa edição coordenada por Jorge Silva Melo.
Do Brasil vão chegar dois títulos importantíssimos: A Enxada e a Lança — A África antes dos Portugueses, de Alberto da Costa e Silva, e a Poesia Completa de Ferreira Gullar. De recordar que ambos os autores foram galardoados com o Prémio Camões, em 2014 e 2010 respetivamente.
Sem nunca descurar a sua vocação, e obedecendo aos princípios da sua missão de serviço público, a Imprensa Nacional continuará a publicar em 2021 obras de particular relevância cultural, nomeadamente no campo da Filosofia. Voltamos a colocar no mercado uma das grandes obras-primas da literatura universal, considerada por muitos como a primeira autobiografia ocidental: Confissões de Santo Agostinho contará com tradução e notas de Arnaldo do Espírito Santo, João Beato e Maria Cristina de Castro‑Maia de Sousa Pimentel.
Ainda no domínio da Filosofia, realce também para a coleção «Obras Completas de Aristóteles» que neste ano vai acolher: Sobre Melisso. Xenófanes e Górgias. Virtudes e Vícios. Retórica a Alexandre, Segundos Analíticos e Geração dos Animais.
Outra das linhas mais significativas da atividade editorial da Imprensa Nacional continua a ser a Poesia. É neste eixo que se insere A Poesia de Sá de Miranda que vai conhecer, por fim, uma nova edição coordenada por José Camões, e que certamente se estabelecerá como referência absoluta na obra deste escritor.
A publicação das obras completas de autores portugueses, cujos títulos são difíceis de encontrar ou estão mesmo indisponíveis no mercado, prosseguem este ano com as obras de Manuel Teixeira Gomes, Gente Singular. Novelas Eróticas. Maria Adelaide. Ana Rosa, de Maria Ondina Braga, Biografias Femininas: Mulheres Escritoras. Retratos com Sombras, e de Francisco Teixeira de Queiroz, com Comédia Burguesa.
Já a coleção «Obra Completa de Vitorino Nemésio», fruto da parceria entre a Imprensa Nacional e a editora açoriana Companhia das Ilhas, continuará a somar títulos como Varanda de Pilatos, A Casa Fechada e A Mocidade de Herculano e Isabel de Aragão, Rainha Santa. A coordenação literária da coleção é de Luiz Fagundes Duarte.
Por falar em ciclos integrais, a cultura portuguesa continua em destaque com a edição, que se prevê marcante, do teatro completo de Natália Correia, em dois volumes que serão incluídos na coleção «Biblioteca de Autores Portugueses».
Fernando Pessoa marcará também presença na série Ensaios da coleção «Pessoana», que, entre outros, recebe este ano o título Doença Bibliográfica, de João Dionísio.
Já as coleções de Edições Críticas vão continuar a acolher obras seminais de autores consagrados: Eça de Queirós, Almeida Garrett e Camilo Castelo Branco.
No que diz respeito às biografias, o investigador José Monterroso Teixeira publicará o trabalho sobre João Ludovice (1673-1752), arquiteto de origem alemã naturalizado português, que projetou, entre outras, as obras do Palácio Nacional de Mafra (1717‑1730), ao serviço de D. João V.
Uma coleção que é já um referencial do catálogo da Imprensa Nacional é a coleção «Olhares». Destaque aqui para Jornais, Jornalistas e Poder, da autoria de Pedro Marques Gomes (vencedor do Prémio Fundação Mário Soares em 2020), Mocidade Portuguesa, de Jorge Calado, e Doze Retratos Portugueses, de Mário Cláudio.
Já a icónica coleção «O Essencial Sobre…» receberá títulos dedicados a Antonio Tabucchi, Teolinda Gersão e Rúben A. Receberá também mais três projetos editoriais inseridos no «Projeto Nunca Esquecer – Programa nacional em torno da memória do Holocausto», entre eles O Essencial sobre Aristides de Sousa Mendes. Todos os livros desta coleção, além da habitual edição em papel, conhecerão uma edição digital gratuita, que será disponibilizada no site da Imprensa Nacional, em www.imprensanacional.pt.
Na «Coleção D», dedicada ao design português e centrada nas monografias sobre os trabalhos dos principais designers nacionais, este ano o foco é para Cristina Reis.
Também a «Série Ph.», a coleção de monografias bilingues dedicadas à fotografia portuguesa contemporânea, coordenada por Cláudio Garrudo, promete continuar o sucesso de anos anteriores, ao receber os livros dedicados a Jorge Guerra e Daniel Blaufuks.
Por fim, destaque para os mais novos que não são esquecidos pela editora pública. E são vários os livros infantojuvenis previstos para eles este ano. A coleção «Grandes Vidas Portuguesas», feita em parceria com a editora Pato Lógico e com a maioria dos seus títulos já publicados incluída no Plano Nacional de Leitura, receberá as biografias de António Variações e do Padre António Vieira. A coleção do Museu Casa da Moeda vai trazer-nos um livro dedicado ao Cavalo Marinho.