Nasce na vila de Setúbal a 15 de setembro. A infância foi atribulada: o pai foi preso quando tinha seis anos, a mãe faleceu quando tinha dez.
Aos 21 anos, é enviado para Goa como guarda-marinha, regressando quatro anos mais tarde ao País. Em 1790 adere à recém-fundada academia de belas-artes Nova Arcádia, da qual acabará por ser expulso em 1794. Entretanto, escreve sob o pseudónimo Elmano Sadino e publica o primeiro volume das Rimas. Em 1797, Pina Manique, então Intendente da Polícia, decide “pôr ordem na cidade de Lisboa” e Bocage recebe ordem de prisão por ser “desordenado nos costumes”. Ficou preso no Limoeiro, tendo depois dado entrada na Inquisição e mais tarde no Real Hospício das Necessidades, de onde só saiu em 1798.
Durante o período de detenção, mudou o seu comportamento e começou a trabalhar como redator e tradutor. De 1799 a 1801, trabalhou com Frei José Mariano da Conceição Veloso, frade, missionário e botânico brasileiro, ao tempo Diretor da Oficina Tipográfica do Arco Cego, e que lhe entregou diversas obras para traduzir. Mediante o pagamento da féria de 12$800 réis, traduz entre outras obras, vários poemas didáticos, como os que estão presentes no acervo da Biblioteca da Imprensa Nacional. De Jacques Montanier Delille (1738-1813), Os Jardins ou a Arte de Aformosear as Paizagens, impresso em 1800, pela Tipografia Calcográfica, Tipoplástica e Literária do Arco do Cego, e de René Richard Castel (1758-1832), As Plantas, impresso em 1813, pela Imprensa Régia. Para além dos poemas franceses traduziu igualmente poetas italianos, contribuindo este trabalho difícil de executar para o prestigiar e glorificar ainda mais como poeta.
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Edição de 1800 de Os Jardins, ou a Arte de Aformosear as Paizagens
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Nota de honorários de Bocage à Imprensa Régia
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No prólogo de sua autoria escrito para a edição de Os Jardins ou Arte de Aformosear as Paizagens, pode ler-se: “… apresento esta versão, a mais concisa, a mais fiel, que pude ordená-la, e em que só usei o circunlóquio dos lugares, cuja tradução literal se não compadecia, meu ver, com a elegância, que deve reinar em todas as composições poéticas”, que espelha bem a seriedade com que encarava o seu trabalho de tradutor.
Publica o segundo volume das Rimas. Em 1802, responde perante o Santo Ofício, acusado de pertencer à maçonaria. Em 1805, sofre um aneurisma na carótida, e ante a sombra de morte, passa a escrever intensamente, numa luta contra o tempo. Nesse breve período, consegue ainda publicar Improvisos de Bocage na sua mui perigosa enfermidade, o elogio dramático A Gratidão, os Novos Improvisos de Bocage na sua moléstia, A Saudade Materna, o idílio Magoas Amorosas de Elmano e A Virtude Laureada. Morre aos 40 anos, a 21 de dezembro, na travessa de André Valente, em Lisboa.
MJG