Para assinalar o centenário do nascimento de João José Cochofel (Coimbra, 1919/Lisboa, 1982) a Imprensa Nacional acaba de lançar Obra Completa de João José Cochofel. A organização deste riquíssimo volume é de José Manuel Mendes e conta ainda com o prefácio «Que Real, no Realismo segundo João José Cochofel?», de autoria de António Pedro Pita.
Nas cerca de 900 páginas de Obra Completa de João José Cochofel o leitor encontrará, dividida por partes, a «Obra Poética», «Opiniões com Data», «Iniciação Estética» e ainda «Críticas e Crónicas».
Recorde-se que João José Cochofel foi um dos mais importantes escritores neorrealistas portugueses e uma personalidade marcante da vida literária e cultural do Portugal do século passado.
Poeta, ensaísta, cronista e crítico literário e musical, Cochofel licenciou-se em Ciências Histórico‑Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, sendo um dos organizadores do Novo Cancioneiro, integrando-se no denominado neorrealismo coimbrão. Estreou-se com Instantes, em 1937. Seguiram-se-lhe, entre outros, Búzio, Sol de Agosto, Descoberta, Os Dias Íntimos, Quatro Andamentos e ainda Uma Rosa no Tempo.
João José Cochofel escreveu para diversos jornais e revistas, como Altitude, Cadernos do Meio-Dia, Vértice, Presença ou Seara Nova. Cochofel dirigiu ainda a Academia de Amadores de Música de Lisboa e a Sociedade Portuguesa de Autores.
A Obra Completa aqui reunida num só volume insere-se, com a maior relevância, nas iniciativas do Centenário de João José Cochofel (1919-1982). Entre os critérios da organização, não obstante ajustes e a uniformização gráfica, foram mantidas as opções de Rui Feijó, amigo do Autor e da sua família, coordenador principal dos três livros publicados entre finais dos anos 80 e inícios do decénio de 90 — Obra Poética, Iniciação Estética seguido de Críticas e Crónicas, Opiniões com Data. Encontrar-se-ão, assim, textos duplicados, sobretudo nestas últimas coletâneas, sem dúvida pela existência de variantes e por um propósito de evidenciar a singularidade da revisão com comentários impressivos a que Cochofel, no tempo anterior à doença, submeteu as Opiniões vindas a lume num percurso de décadas. Não é ainda a circunstância, atentas as contingências e a magnitude do empreendimento, para uma edição crítica, também recoletora de inéditos e, eventualmente, esparsos não considerados pelo escritor no contínuo refazer dos projetos que trazia em mente e sobre a mesa. A Obra Completa é, em 2020, o corpus idóneo no reencontro de uma personalidade marcante da nossa literatura do século xx com os leitores. Entre eles, os que só doravante como tal se reconhecerão.
José Manuel Mendes in «Nota do organizador», Obra Completa de João José Cochofel