Com uma vida boémia, um dandismo e um génio que o transformaram numa lenda da literatura universal, o francês Charles Baudelaire (1821-1867) renovou o modo de fazer e entender a poesia e a crítica de arte do seu tempo, propondo uma nova ideia de modernidade contra a ideia positivista de progresso.
A sua obra mais conhecida As Flores do Mal sofreu censura, escandalizou o seu tempo e rompeu com a poesia tradicional, abrindo caminhos à poesia moderna. Parte desse renovo radicou na intensificação do paradoxo como método de erosão do lirismo sentimental e na consideração da vida urbana como objeto de meditação poética.
Les Fleurs du Mal não são um florilégio. Como Baudelaire dirá a Vigny, numa carta de 1861, a propósito da segunda edição, mas valendo igualmente para a primeira: «O único elogio que eu peço para este livro é o reconhecimento de que não se trata de um simples álbum e de que tem um começo e um fim.» O cuidado na disposição sequencial das secções do livro é igualmente detetável nas continuidades e contrastes que os poemas vão formando entre si, no modo como os temas se vão sobrepondo e justapondo de poema para poema e no interior de cada um.
Jorge Fazenda Lourenço in O Essencial sobre Charles Baudelaire
Tido por alguns como o Dante dos tempos modernos, o poeta fez de Paris a capital da melancolia, com as suas dores e fantasmagorias, os seus aspetos grotescos, e uma beleza efémera que é desejo de transcendência.
Em O Essencial sobre Charles Baudelaire, Jorge Fazenda Lourenço acompanha a vida e a obra do poeta francês e procura mostrar como Baudelaire propôs, na Paris de meados do século xıx, uma leitura muito particular da tradição e de sua relação com a modernidade.
Brevemente disponível nas livrarias.
Já disponível no site da Imprensa Nacional, em versão gratuita e digital. Aqui.
Sobre o autor
Jorge Fazenda Lourenço nasceu na Covilhã, em 1955. É poeta e professor de literatura.
Pedra de Afiar (publicado em 1983 pela Imprensa Nacional) foi o seu primeiro livro de poesia, seguido de Uma Surda Cegueira (1990), Derivas (2002) e Cutucando a Musa com Verso Longo e Curto e Outras Coisas Leves e Pesadas (2009).
Jorge Fazenda Lourenço traduziu E. E. Cummings: XIX Poemas (1991; 2.ª ed., 1998), Harmónio, de Wallace Stevens (2006), e O Spleen de Paris, de Charles Baudelaire (2007), de quem editara, no ano anterior, A Invenção da Modernidade (Sobre Arte, Literatura e Música).
Entre 1988 e 1993, estudou e lecionou na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, onde se doutorou com uma tese dedicada a Jorge de Sena e passando a colaborar com Mécia de Sena na publicação de Jorge de Sena, de que foi coordenador-editor das suas «Obras Completas» na Guimarães Editores.
Jorge Fazenda Lourenço publicou ainda: Poemas Escolhidos, de Fernando Pessoa (1985; 2.ª ed., 1988), O Essencial sobre Jorge de Sena (1987; 2.ª ed. revista e aumentada, 2019), O Brilho dos Sinais. Estudos sobre Jorge de Sena (2002), Matéria Cúmplice. Para Jorge de Sena (2012) e Azares da Poesia (2018). Em 1994 publicou na editora pública, juntamente com Frederick G. Williams, Uma Bibliografia Cronológica de Jorge de Sena (1939-1994).
Em 2021 publicou na Imprensa Nacional A Poesia de Jorge de Sena — Testemunho, Metamorfose, Peregrinação.