Inauguração da Biblioteca.

  • Referência
    «A festa de ontem na Imprensa Nacional — Uma significativa homenagem ao ilustre chefe do estado — Inauguração de uma biblioteca pública com o seu nome, a que assistiram os mais altos representantes do corpo diplomático, ministros, militares, senhoras e operários», O Mundo, n.º 7858, de 4 de outubro de 1923, pp. 1-2.
Assunto

Cerimónia de inauguração da Biblioteca da Imprensa Nacional.

Ficha

«A Imprensa Nacional, um dos nossos primeiros estabelecimentos públicos, vestiu ontem as suas melhores galas, iluminou a sua fachada e recebeu galhardamente ilustres convidados, entre os quais o Sr. Presidente da República, membros do governo e do corpo diplomático e todo o elemento oficial, inaugurando numa das suas salas térreas, ampla e bem iluminada, uma magnífica biblioteca pública, dentro de poucos dias aberta à consulta dos estudiosos. Como justa homenagem a quem pela Imprensa Nacional sempre particularmente se interessou, a nova biblioteca recebeu o nome do Sr. Dr. António José de Almeida, e sem dúvida esta homenagem, a última que o ilustre homem público recebe na sua qualidade transitória de primeiro magistrado da Nação, deve ter calado bem no íntimo da sua alma, ou não tivesse sido ele um dos maiores propugnadores da instrução a dentro do regime republicano, homem de letras também e jornalista de maior valia. A sala, sóbria mas elegantemente mobilada, com as suas estantes onde os livros se enfileiram com inteligência e com método, oferecia um belíssimo aspeto. Atrás da mesa presidencial, sobre um estrado um busto da República e a bandeira nacional. Muitas senhoras e muitos convidados, com a obrigatoriedade da casaca ou farda, [?] de numerosos artistas e operários do estabelecimento. Um sexteto composto por hábeis alunos cegos do Asilo Feliciano de Castilho devia executar um excelente programa de concerto durante a sessão. À porta do edifício uma força de infantaria da Guarda Nacional Republicana prestou as devidas honras ao chefe do Estado. Alguns nomes ligados à nova biblioteca: o do decorador Alfredo Morais, o do construtor Alberto Cunha, e o do arquivista José Maria Gonçalves. Ali se acumulam mais de vinte mil volumes, entre os quais muitos de clássicos nacionais e estrangeiros, além de todas as edições da casa, em magníficas encadernações e tiragens especiais. As estantes, todas de carvalho, mantendo a cor própria da madeira, circundam a sala do teto ao solo, quebradas a meio por uma elegantíssima galeria […]. Pouco depois das 21 horas começaram chegando os primeiros convidados. O Sr. Núncio Apostólico, […]. O Sr. Presidente da República compareceu às 21 horas e 40 minutos, executando nesse momento a banda da GNR o hino nacional.»