“(…) Por muitas vezes tenho tido a honra de fazer saber a V. E. qual é o estado de falta de meios pecuniários da Imprensa Nacional, rogando a V. E. que em atenção às razões se dignasse de mandar pagar alguma quantia mais avultada por conta da grande divida do Ministério do Reino à Imprensa Nacional. Há poucos dias remeti a V. E. uma representação em que classifiquei a dita dívida por épocas e mostrei que não pode ser considerada divida antiga. Nestes últimos dois anos tem ela aumentado 1:209.000 rs, e assim vai aumentando progressivamente, porque a prestação mensal de 100.000 rs não chega nunca para pagar os impressos que se requisitam pelo Ministério do Reino. Vejo-me pois nas maiores dificuldades, e talvez no desgosto e comprometimento de não poder cumprir as ordens de V. E. a este respeito. A Imprensa Nacional exige avultadissima despesa no reparo e aperfeiçoamento dos objectos necessários para as diferentes oficinas. Por indispensável necessidade mandei vir de França, sob a inspecção da legação portuguesa em Paria, e por intervenção de pessoas competentes e de crédito, com quem a Imprensa Nacional tem tido transacções a vários aparelhos e utensílios para a fundição de tipos , caldeiras, cilindros e outros objectos para a máquina de vapor e prelo mecânico desta Casa. Inclusa levo ao conhecimento de V. E. as respectivas facturas na importância de rs. 552.870 não incluindo a despesa de transporte que deve pagar no seguintes mês, por ter aceitado letras, que sobre mim [?] o Secretario da Legação Miguel Martins Dantas, o qual se houve com todo o zelo e inteligencia no desempenho desta gratuita e trabalhosa comissão. Venho pois rogar a V. E. que tinha a bondade e mandar fazer ao Ministério da Fazenda uma requisição especial para pagamento dos ditos objectos, cuja importância é muito inferior à de 1:209.000 rs. Que ultimamente aumentou a divida do Ministério do Reino a esta Casa. Se V. E. se dignar de anuir a esta minha rogativa, que me parece justa, eu me apresentarei ao Ex.mo Ministro da Fazenda para solicitar que a requisição seja satisfeita com a urgência que as circunstâncias reclamam. Lisonjeio-me de que V. E.ª olhará como efeito do meu zelo a encomenda dos objectos que mandei vir de França, dos quais os mais importantes não podiam ser feitos em Portugal, e estou certo que não quer que eu seja comprometido, deixando de pagar as letras, por que me responsabilizei.
(…) 25 de Novembro de 1850
Ill.mo e E.mo Sr. Conde de Tomar, Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Reino.”
(documento 95 – numeração atribuída aos documentos resultam de contagem nossa. Não se encontram numerados)