O cabo-verdiano José Joaquim Cabral é o vencedor, por unanimidade do júri, da 4.ª edição do Prémio Literário Arnaldo França, atribuído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda em parceria com a Imprensa Nacional de Cabo Verde.
O romance Destino Aziago é o trabalho galardoado na 4.ª edição deste prémio dirigido a cidadãos cabo‑verdianos (a residir em Cabo Verde ou no estrangeiro) ou residentes em Cabo Verde há mais de 5 anos.
A edição de 2021 do Prémio Literário Arnaldo França contou com Manuel Brito-Semedo como presidente do júri, do qual fizeram também parte a professora Maria de Fátima Fernandes e Paula Mendes, a editora-chefe da Imprensa Nacional. Destino Aziago foi selecionado dentre 14 candidaturas.
Pode ler-se na comunicação do júri que «a obra eleita (…) apresenta-se, em nota do autor, como o terceiro de uma série que tem como volume inaugural um clássico da literatura cabo-verdiana, Chiquinho de Baltasar Lopes (1947)».
A propósito de Destino Aziago, o júri disse ainda tratar-se de uma obra que reflete sobre o «tema incontornável da diáspora cabo-verdiana» com uma «abordagem assinalável na construção sólida das personagens, no desenho emotivo da paisagem e na referência à história, cultura, tradições e dinâmica da sociedade cabo-verdiana, sobretudo são‑nicolauense».
Do ponto de vista didático-pedagógico, o júri realçou ainda que Destino Aziago «possibilita aos leitores a oportunidade de ter acesso a uma trilogia que fecha o ciclo iniciado por uma obra basilar da Literatura Cabo-Verdiana. Jovens e menos jovens leitores tomam, assim, conhecimento da história da terra cabo-verdiana, com o original feito de escrita a duas mãos, reconhecendo-se igualmente a dinâmica do percurso da identidade cabo-verdiana contemporânea pela chegada, através da ficção, de um dos períodos menos contemplados na historiografia literária nacional».
Além dos 5 mil euros do valor pecuniário do prémio, José Joaquim Cabral, que concorreu com o pseudónimo Beto Zabel, deverá ver publicado ainda este ano o seu trabalho com a chancela das duas editoras públicas: Imprensa Nacional, de Lisboa, e Imprensa Nacional de Cabo Verde.
José Joaquim Cabral nasceu em 1962 na ilha de São Nicolau, em Cabo Verde. Depois de concluir os estudos liceais no Mindelo, formou-se em Administração de Empresas, em 1990, no Brasil. Foi quadro do Instituto Nacional do Desenvolvimento das Pescas, exerceu funções de direção no Instituto Nacional de Estatística, ocupando-se com questões de planeamento, ambiente e desenvolvimento no município de Tarrafal de São Nicolau. Atualmente exerce funções no Conselho de Administração da Escola do Mar. Passou ainda pelo Gabinete do Ministro do Mar, onde foi assessor. José Cabral tem os seguintes títulos publicados: Acushnet Avenue, romance (2019); Caminho(s) que Trilharam, romance histórico (2014); Sodade de Nhâ Terra Saninclau, I, II, III (2008, 2009, 2012), e Padre Gesualdo Fiorini, Italiano, de São Nicolau, cidadão, biografia (2007).
De recordar que o propósito da atribuição deste galardão literário é o da promoção da língua portuguesa e do talento literário em Cabo Verde, bem como homenagear a destacada figura da literatura e cultura cabo-verdiana Arnaldo França.
Nas edições anteriores, o Prémio Literário Arnaldo França distinguiu as obras Beato Sabino, de Olavo Delgado Correia (vencedor 2018), O Sonho de Ícaro, de Onestaldo Gonçalves (menção honrosa 2018), Contos de Cabo Verde, de Benvindo Gomes Semedo (vencedor 2019) e Sul 1, de Jorge Otávio Soares Silva (vencedor 2020).