[data provável: 1951]
«Razões de preferência da máquina de compor «Linotype»
Parte técnica:
Tem esta Imprensa uma bateria de cinco máquinas «Linotype», a primeira adquirida há 39 anos, tendo todas estas máquinas dado provas de boa construção funcionamento e rendimento;
As peças sobresselentes podem servir indistintamente em qualquer das máquinas;
Está o pessoal, que com elas trabalham absolutamente conhecedor da sua mecânica;
Tem esta Administração conhecimento, pelas informações prestadas pelo compositor-linotipista deste estabelecimento que tem ministrado o ensino aos alunos da Casa Pia de Lisboa, de que a máquina «Linotype» ultimamente adquirida por aquele organismo, reúne as condições necessárias e é de absoluta confiança.
E ainda, a opinião do Conselho Técnico desta Imprensa, manifestada quando da compra das últimas máquinas, e em que foram apreciadas propostas de «Linotypes» e de «Intertypes», que termina o seu parecer da seguinte forma:
«Além de todas as razões expostas, há a conveniência que tem a Imprensa Nacional de Lisboa de adquirir de preferência máquinas “Linotypes” visto que já sabe [sic] o que elas resistem, a fim de poder organizar uma bateria de máquinas idênticas, por motivo de ser igual o tipo a adquirir, a altura do olho da letra, etc., e já ter indivíduos habilitados a trabalhar com elas.»
Parte financeira (confidenciais para os concorrentes)
Determinações diretas de Sua Excelência o Ministro das Finanças ao Administrador da Imprensa Nacional, para que a compra fosse feita dentro da área do esterlino;
[…]
São inglesas as máquinas “Linotypes” e americanas as “Intertypes”.
Ponderadas todas estas razões, podia esta Administração solicitar superiormente dispensa de concurso e contrato escrito, mas não foi este o critério seguido. Preferiu-se a abertura de concurso público, onde poderiam concorrer, além da firma ou das firmas representantes da máquina desejada, quaisquer outras entidades que sendo possuidoras de “Linotypes” as pretendessem vender.
Neste caso, e dado que as máquinas estivessem em bom estado, as ofertas seriam por certo feitas por preços mais vantajosos, podendo até dar lugar a compra de maior número de unidades, ainda que de modelo mais antigo, como o são as atuais em serviço, e que têm cumprido sempre bem.
Outra razão há que atender. A abertura de concurso, dado que haja possibilidade de ofertas de máquinas da mesma marca, já existentes em Portugal, coloca os representantes da referida marca na situação de não elevarem os preços, o que se poderia dar, desde que os mesmo se encontrassem como únicos vendedores.
E que houve mais interessados, prova o facto de terem sido entregues na Inspeção das Oficinas, desta Imprensa, nove cópias do “Caderno de Encargos” a tantos outros interessados que as pediram.
As propostas são sempre apreciadas pelo Conselho Técnico, que pelas razões apontadas, apenas apreciou, conforme o “Caderno de Encargos” determina, a proposta da casa representante das “linotypes”, visto não terem aparecido outras propostas desta marca.
Ao próprio concorrente das máquinas “Intertypes” foi dito na ocasião da abertura das propostas, sendo esta aceite por não indicar exteriormente a máquina que oferecia, que a sua proposta estava fora das condições do “Caderno de Encargos”.»