O Arqueólogo Português, a revista do Museu Nacional de Arqueologia, foi iniciada por José Leite Vasconcelos. O seu primeiro número data de janeiro de 1895. Na altura, como hoje, feita em colaboração com a Imprensa Nacional. Tinha por desígnio inicial o de ser uma publicação destinada a «estabelecer relações literárias entre os diversos indivíduos que, ou por interesse científico, ou por mera curiosidade, se ocupam das nossas antigualhas.». Ao longo dos anos, tornou-se numa revista científica, de grande renome e prestígio nacional e internacional.
A Imprensa Nacional e Museu Nacional de Arqueologia têm vindo a disponibilizar, sempre às sextas-feiras, de forma gratuita e partilhável nos respetivos sites, um volume desta centenária revista.
Esta semana fica disponível o Suplemento n.º 8, dedicado a Manuel Heleno (1894-1970), uma das principais figuras da Arqueologia portuguesa.
Manuel Heleno. Pioneiro do Ensino e da Investigação Arqueológica em Portugal (1923-1964), conta com textos de João Luís Cardoso (também editor cientifico), Luís Raposo, Nuno Bicho e Carlos Fabião.
Manuel Heleno (1894-1970) iniciou a sua carreira universitária como assistente provisório de Arqueologia da Universidade de Lisboa, em 1923. Em 1929, foi nomeado diretor interino do Museu Etnológico substituindo o seu fundador e primeiro diretor, José Leite de Vasconcelos. Em 1964 foi atingido pela legislação relativa à cessação de funções públicas por limite de idade, a mesma que o haveria de afastar da Direção da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, de Professor catedrático de Arqueologia de Pré-História.
Ao longo das quatro décadas em que assegurou a lecionação da disciplina de Arqueologia naquela Universidade, e das três décadas e meia em que foi diretor, por inerência, do Museu Nacional de Arqueologia, então estabelecimento anexo à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a imagem que os seus detratores transmitiram para a generalidade dos vindouros — exceto para os que com ele conviveram ou trabalharam de perto — foi de um professor, frio e distante.
E, no entanto, a possibilidade de estudo detalhado dos seus cadernos veio contrariar aquela imagem. Tais cadernos, em boa hora adquiridos pelo Estado em 1998, através do Museu Nacional de Arqueologia, vieram comprovar um arqueólogo que, afinal, procedia ao registo sistemático das suas escavações e observações, ao contrário do que até então era voz corrente, revogando a ideia de um arqueólogo descuidado e ausente. A prova é a assinalável informação deles, entretanto aproveitada, que suportou a elaboração de diversas dissertações, tanto de mestrado como de doutoramento.
In Introdução