Foi apresentado, ontem ao final da tarde, na Biblioteca da Imprensa Nacional, o Plano Editorial da Imprensa Nacional, onde o diretor de Edição e Cultura, Duarte Azinheira, anunciou os principais eixos programáticos e os projetos mais relevantes para 2023 da editora pública, numa sessão que contou com a presença do Sr. Secretário de Estado do Tesouro, Pedro Sousa Rodrigues, Dora Moita e Alcides Gama, do Conselho de Administração da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Após a apresentação, seguiu-se o 1.º andamento do Quarteto de Cordas n.º 13, de Franz Schubert, e o Divertimento para Flauta, Clarinete e Oboé, op. 37, de Malcolm Arnold, pelos Jovens Solistas da Metropolitana.
Duarte Azinheira afirmou que, em 2023, a editora pública portuguesa prosseguirá leal aos princípios da sua missão de serviço público — publicar obras essenciais da cultura nacional e universal e preservar, promover e ampliar o património bibliográfico da língua portuguesa — e disponibilizará um conjunto vasto de novidades. A começar pela, há já muito aguardada, edição crítica, amplamente anotada, deLusíadas, de Luís Vaz de Camões. Esta é uma edição que se insere no âmbito das comemorações do quinto centenário do nascimento do poeta e que será preparada por uma equipa de especialistas luso-brasileiros coordenada por José Carlos Seabra Pereira.
O ciclo dedicado ao grande poeta italiano, Dante Alighieri, na coleção «Itálica», terminará com a publicação, num único volume, dos títulos Convívio, Sobre a Eloquência em Vernáculo eMonarquia, cujas traduções estão a cargo de Jorge Vaz de Carvalho, Luís Manuel Gaspar Cerqueira e Arnaldo do Espírito Santo, respetivamente.
A poesia e os poetas terão ainda lugar na coleção «Plural». Segundo o diretor de Edição e Cultura da Imprensa Nacional, Poesias Reunidas, de Oswald de Andrade; Como Um Segredo na Boca do Universo. Obra Completa-Mente Inacabada, de José Luiz Tavares; DaPoesia, de Hilda Hist; Não Desfazendo, de Rita Taborda Duarte; e Todo o Alba, de Sebastião Alba, são os títulos esperados para este ano.
Também Fernando Pessoa continua a marcar presença nas edições da Imprensa Nacional, designadamente na série «Ensaios» da coleção «Pessoana», que este ano recebe FernandoPessoa: O Ser Verbal, de Dionísio Vila Maior.
Ainda no domínio do ensaio, a Imprensa Nacional divulgará, ao longo deste ano, «os pensamentos críticos dos mais destacados ensaístas», referiu Duarte Azinheira. Na coleção «Olhares», A Descoberta do Japão, de Xavier de Castro, com tradução de Sandra Monteiro;Império do Medo. Escravatura, Tráfico Negreiro e Racismo, com dir. de Isabel do Carmo;Escritos Ucranianos, de Jorge Carlos Fonseca; Uma Carta à Posteridade — Jorge de Sena e Alexandre O’Neill, de Joana Meirim (Prémio IN/Vasco Graça Moura 2022); e Um Rádio para Ouvir Londres — Ensaio sobre o Não-Direito do Estado de Guerra do III Reich, de Jaime Freire (Menção honrosa Prémio IN/Vasco Graça Moura 2022), são os títulos aguardados. Na coleção «Estudos de Religião» sairá o título Secularização: Genealogias, Modelos e Debates, de Jorge Botelho Moniz.
Já a coleção de bolso «O Essencial sobre» receberá títulos dedicados a Philip Roth, de Mário Avelar; a Bocage, de Daniel Pires; a José Saramago, de Carlos Reis e Sara Grünhagen; a Agustina Bessa Luís, de José Carlos Seabra Pereira; e ainda um título dedicado às Três Marias, de Joana Meirim.
Nas coleções de «Edições Críticas» esperam-se Lírica de João Mínimo na «Edição Crítica de Almeida Garrett»; Carlota Ângela e Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado na «Edição Crítica de Camilo Castelo Branco»; e Lendas de Santos na «Edição Crítica de Eça de Queirós».
Memórias de um Doido, de A. Pedro Lopes de Mendonça, é o título que se seguirá na «Biblioteca Fundamental da Literatura Portuguesa». E, em ano de centenário, Teatro Completo de Natália Correia, com edição de Armando Nascimento Rosa, será incluído na coleção «Biblioteca de Autores Portugueses».
As «Obras Completas» de autores portugueses cujos títulos são difíceis de encontrar ou estão mesmo indisponíveis no mercado marcam também presença no plano da Imprensa Nacional, designadamente: Biografias Femininas (que incluirá os textos Mulheres Escritoras. Retratos com Sombras. Textos Publicados na Imprensa e Textos Inéditos), de Maria Ondina Braga; Correspondência. Dispersos de Manuel Teixeira Gomes; e, de Francisco Teixeira de Queiroz, espera-seComédia Burguesa. Numa parceria com a Companhia das Ilhas, prossegue a edição da «Obra Completa de Vitorino Nemésio», com os volumes: O Corsáriodas Ilhas e Retrato do Semeador e Poesia (1963-1976).
2023 será também o ano em que a IN apresenta Portugal Amordaçado, de Mário Soares. «Será um volume em dois tomos, muito comentado, de uma obra central para a democracia portuguesa, na qual Soares deixa testemunho não apenas do seu combate ao regime de Salazar, mas também da sua visão de um Portugal democrático.
O tomo I inclui a edição portuguesa e a francesa (Le Portugal Baillonné), com um prefácio de Fernando Rosas, além de textos de vários investigadores. O tomo II contará com os prefácios às diferentes edições, e ainda com correspondência e um dicionário de personalidades citadas», adiantou o diretor de Edição e Cultura da Imprensa Nacional. «Obras de Mário Soares» é uma coleção coordenada por José Manuel dos Santos.
Também as Crónicas que Nuno Brederode Santos publicou no Diário de Notícias se juntam ao catálogo da editora, numa organização da responsabilidade de Maria do Céu Guerra e Maria Emília Brederode Santos. A «Biblioteca Eduardo Prato Coelho» receberá Crónicas — Crítica e Pensamento, numa edição de Margarida Lage.
A aposta nos designers portugueses continua na «Coleção D». Este ano sairá o volume dedicado ao trabalho de Cristina Reis.
Na fotografia a editora pública apresenta este ano os trabalhos de José Luís Neto (com texto de Jorge Calado) e de Rita Barros (com texto de Susana Lourenço Marques). São estes os dois nomes previstos para a «Série Ph.», dirigida por Cláudio Garrudo.
A pensar nos mais novos a coleção «Grandes Vidas Portuguesas» recebe a biografia de Agustina Bessa Luís, com texto de Inês Fonseca Santos e ilustração de João Fazenda. Na coleção infantojuvenil do Museu Casa da Moeda sairá Azulejos, Uma História aos Quadradinhos, com texto de António Araújo e ilustração de Filipe Abranches.
Duarante a apresentação, Duarte Azinheira realçou que continuarão também a ser notórias as relações de parceria e cooperação que a Imprensa Nacional estabelece com as mais diversas entidades em várias edições do seu catálogo. São esperados os seguintes títulos em parceria: Arte em São Bento, com a Presidência do Conselho de Ministros; o catálogo das exposiçõesdaCACE – Coleção de Arte Contemporânea do Estado; Museu do Tesouro Real — Palácio Nacional da Ajuda, com o Museu do Tesouro Real;Mesa Real. O Quotidiano no Palácio da Ajuda (1861-1910), com o Palácio Nacional da Ajuda; 50 Anos dos Encontros da Ala Liberal — Julho de 1973, de António Araújo, com a Comissão Comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, Vamos ao Lyrico, com a OPART, Santuários Marianos, com a organização da Jornada Mundial da Juventude, Longitude. Sobre a Medição do Tempo e do Espaço no Tempo de Magalhães, de Henrique Leitão e José Maria Moreira Madrid, com a Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação; Artes e Educação em Portugal. Antologia, com o Plano Nacional das Artes; Estudos sobre Lisboa — José Sarmento de Matos, de Margarida Magalhães Ramalho e Estudos sobre Lisboa — Júlio de Castilho, de Raquel Seixas e Tiago Lourenço, com a Câmara Municipal de Lisboa e o Instituto de História de Arte/NOVA-FCSH; e com a Associação Manicómio inauguraremos a coleção «Alta para Ensaio», com um título dedicado ao trabalho de Anabela Soares.
Para Duarte Azinheira, o presente ano será importante «para o aumento da diversidade da oferta da editora pública». E assim, a Imprensa Nacional iniciará novas coleções em áreas totalmente distintas: a «Coleção J», dedicada à joalharia portuguesa, a «Coleção M», dedicada às marcas históricas portuguesas, «Ensaios de Abril», dedicada aos 50 anos da Revolução dos Cravos; «Ler Dança», dedicada à história da dança, e «Arte Nossa», uma coleção para os mais novos com os títulos inaugurais já escolhidos: Navegar nas Águas de Almada Negreiros — Gare Marítima de Alcântara, com texto de Isabel Zambujal e ilustração de Amargoo; e Josefa de Óbidos — Arte e Vida das Naturezas Mortas, com texto de Margarida Fonseca Santos e Isabel Peixeiro e ilustração de Paulo Monteiro.
Também o caminho da desmaterialização e de uma oferta diferenciada de conteúdo continuará a ser trilhado pela Imprensa Nacional. São esperados novos livros gratuitos em PDF, nomeadamente coleções exclusivamente digitais. É o caso de «Leitiana» e «Camiliana — Série Estudos». Além de novos podcasts a editora prevê ainda a disponibilização de mais 6 audiolivros, totalmente gratuitos, no seu site,disponível em imprensanacional.pt. São eles: História de Menina e Moça, de Bernardim Ribeiro,Antologia de Sá de Miranda, Húmus, de Raul Brandão, Cânticos do Realismo, de Cesário Verde e Clepsidra, de Camilo Pessanha.