
Autor maior das letras universais, criador de personagens como Hamlet, Lear, Ricardo III ou Lady Macbeth, que transcenderam o seu tempo, William Shakespeare, de cujo desaparecimento se assinalam 400 anos em 2016, continua a ser um mistério para nós.
«Poucos escritores terão sido objeto de tanta especulação acerca da sua vida, dos seus gostos, das suas paixões, da sua vida afetiva, da sua orientação sexual, das suas opções políticas, da sua sensibilidade religiosa, e da sua própria… existência, como William Shakespeare.
(…)
O mistério que envolve a biografia de Shakespeare deve-se, em grande parte, à inexistência de diários, cartas, apontamentos, notas, onde ele tenha revelado os seus sentimentos mais profundos, as suas sensibilidades afetivas, políticas ou religiosas. (…)
Com efeito, a sua vida terá sido bastante banal; afinal ele não foi um espião como o seu contemporâneo Marlowe terá sido, nem se envolveu em polémicas políticas, como o igualmente seu contemporâneo e amigo Ben Johnson se envolveu. Esta banalidade não nos perturbaria, não tivesse ele criado uma obra maior na nossa tradição literária ocidental.»
Mário Avelar
O Essencial sobre William Shakespeare
Coleção «Essencial», n.º 120
Imprensa Nacional-Casa da Moeda
Lisboa, 2012, pp. 7 e 8