
É a história esquecida deste homem singular que o realizador Paulo Filipe Monteiro decidiu contar no filme Zeus, que hoje se estreia nas salas de cinema portuguesas, «com a esperança que Portugal redescubra finalmente a vida e a obra deste político e escritor que o Estado Novo apagou e o Modernismo e a geração de Orfeu obscureceram», disse ao Observador.
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Teixeira Gomes foi embaixador em Londres entre 1911 e 1918 e integrou os círculos do movimento das sufragistas e que a sua visão do erotismo pressupunha sempre a liberdade feminina. Nesses anos em que tinha por missão levar o rei de Inglaterra a reconhecer a jovem República Portuguesa, o escritor conseguiu mesmo ter mais simpatias no palácio de Buckingham que a família monárquica portuguesa exilada em Londres. O esteta e carismático Teixeira Gomes terá conseguido mesmo encantar a bela princesa Alexandra que lhe pediu ajuda para decorar o seu gabinete no palácio.
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Teixeira Gomes morreu em 18 de outubro de 1941, com 81 anos, mas só em 1950 será trasladado para Portugal. No final de Zeus, o realizador faz passar no ecrã uma frase provocatória, dizendo que houve uma revolução em Portugal mas «só alguns homens se tornaram livres». E esta é a grande e urgente lição que podemos recolher da vida e da obra de Manuel Teixeira Gomes através de Zeus: é que a liberdade dada por um regime político é apenas uma ferramenta para abrir caminho para essa grande liberdade livre que só pode nascer dentro de cada um de nós.
Joana Emídio Marques
in Observador
5 de dezembro de 2017
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Manuel Teixeira Gomes na Imprensa Nacional-Casa da Moeda:
Obras Completas
Vol. I — Inventário de Junho — Cartas sem Moral Nenhuma — Agosto Azul
Vol. II — Gente Singular — Novelas Eróticas — Maria Adelaide
José Alberto Quaresma, Manuel Teixeira Gomes — Biografia