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«O lixo» na Edição Nacional, por Jorge Reis‑Sá

Edição Nacional

Nas férias o adolescente está de férias nos avós. A ajuda para levar o cão à rua é mínima, as férias são altura de trabalho no que diz respeito a gestão canina. Assim, duas vezes ao dia, atravesso o piso da garagem e saio perto do jardim onde vejo o bicho farejar a comida que não precisa.

Nestas férias tudo foi igual e uma coisa foi diferente. Era fim da tarde, o Sol caía no cimo da rua, inundando o cemitério dos esplendores da luz perpétua, já perto do horizonte visível. Ou, se não perpétua, pelo menos com a duração de mais alguns milhões de anos. Saí pela garagem, puxei a trela do cão com o vigor de um «aqui não», obrigando-o a aguentar a vontade até às ervas, e passei o poste e o vidrão que estragam o passeio — literal e metaforicamente. Junto ao vidrão — lixo. Ou assim parecia e era tanto outra coisa.

Na calçada quente que o dia tinha deixado, estavam livros. A minha curiosidade, defeito profissional, fez com que obrigasse o bicho a passear rapidamente o nariz nas folhas para, sempre com um olho no vidrão, a ele voltar ainda mais rapidamente. Não eram uns livros quaisquer. Eram 14 tomos — os primeiros 14 — de um achado. Tratados como lixo.

Sentei o cão a arfar junto ao poste. Debrucei-me sobre eles, num misto de espanto e tristeza. Ali, numa calçada quente de Lisboa, estavam os primeiros 14 volumes da primeira edição da Enciclopédia Verbo. Estava o Sebastião Rodrigues. Estava o Fernando Guedes. Estava o João Bigotte Chorão. Estava, com ele, o meu amigo Pedro, seu filho. Estavam tantos. E o meu coração doeu.

Quem pode dispor de uma coisa destas, tratar como lixo um pedaço da história editorial deste país? Quem terá sido a pessoa que, com menos humanidade que o cão sentado ao meu lado, não se deu sequer ao trabalho de entregar estes livros num alfarrabista, numa feira, numa escola, em qualquer sítio?

Uma pesquisa rápida permite ver que ninguém quer saber de enciclopédias quando, pelos vistos, as trazemos no bolso. Mas será que ninguém pensa no que aquilo é? Não, não é um esforço partilhado de muita gente a «meter entradas» na Wikipedia. A fazer deste anglicismo o desastre que sabemos — o primeiro motor de notícias falsas para estudantes e gente incauta. Não, não é. É, isso sim, um esforço partilhado de pessoas que passaram a vida a estudar o que lá escreveram. Em quem podemos confiar porque pensaram antes de carregar no «publique-se». É um outro tempo que nunca deveria ter desaparecido.

Perdoem-me a amargura. O facto de ter tido a honra e o privilégio de ter substituído o Fernando Guedes em muitas das suas funções na Verbo deixou-me marcas. A maior talvez a do respeito por um decano da edição portuguesa que, se bem que acarinhado por um estado corporativista, usou essa possibilidade para construir uma editora de referência. Ou até mais do que uma, senão veja-se a Ulisseia, que também tinha debaixo do seu manto editorial.

Levei o cão a casa. Informei a minha mulher de que teria de voltar a sair. «Vais onde», perguntou. «Salvar um pedaço da História», respondi. E tirei o carro da garagem, peguei em dois caixotes que sobravam da Feira do Livro, e guardei os 14 volumes.

Estão à espera que o futuro chegue, protegidos da chuva e da incúria. E com esse futuro há-de vir também cada um dos que faltam. Nem que seja para que alguém um dia os entregue à porta de uma escola, de um alfarrabista, de uma feira. Mas não junto a um vidrão que estraga todos os passeios.

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