Maria Ondina Braga (1922-2003) é a escritora mais cosmopolita da literatura portuguesa do século xx. Nascida em Braga, norte de Portugal, cedo deixa a cidade natal para tomar os caminhos do mundo. Foi precetora de crianças em Inglaterra, onde conclui estudos de língua inglesa na Royal Society of Arts, e em França, onde prossegue estudos na Alliance Française. Foi professora em Angola, Goa, Macau, Pequim, além de tradutora.
O seu percurso de vida e literário confunde-se com a ideia de deslocação ou viagem, numa cartografia que passa pelos quatro continentes, do Brasil ao Sri Lanka ou Singapura. Esta condição itinerante e multicultural constitui a marca de água de uma escrita que experimenta vários géneros, da crónica ao conto, das memórias ao romance, além da poesia e diários ou notas de viagem. Com destaque para a autobiografia e autoficção, além das biografias breves de várias mulheres escritoras (algumas delas inéditas): Virginia Woolf, Irene Lisboa, Selma Lagerlöf, Katherine Mansfield, George Sand, Rosalía de Castro, Sei Shonagon e Anaïs Nin, entre outras.
Maria Ondina Braga colaborou em vários jornais (Diário de Notícias, Diário Popular, A Capital) e em revistas (Panorama, Mulher, Ação e Colóquio/Letras).
«Penso que a única coisa que me deu gosto na vida, o que na verdade me interessou, foi escrever», afirmou a escritora em entrevista a Maria Teresa Horta.
A sua obra foi distinguida com o Prémio Ricardo Malheiros, da Academia das Ciências de Lisboa, o Prémio Eça de Queirós e o Grande Prémio de Literatura ITF/dst.
Em 2022, a Imprensa Nacional iniciou a publicação da sua obra completa.