A coleção «Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós», coordenada pelo académico Carlos Reis, acaba de receber o título Philidor, cuja edição ficou entregue a Kathryn Bishop-Sanchez.
Philidor é uma peça de teatro de Joseph Bouchardy (1810-1870) e constituiu um trabalho de revalorização de uma atividade de Eça de Queirós talvez menos conhecida, mas nem por isso menos significativa: o trabalho de tradução literária a que episodicamente o grande escritor se dedicou.
Além da versão em papel, Philidor está já disponível em versão digital, universal e gratuita, disponível aqui:
Philidor
Joseph Bouchardy (1810-1870) foi, no seu tempo, um conhecido e aplaudido dramaturgo, cultor de um teatro pouco sofisticado, mas acolhido pelos favores do público de então. Os êxitos que conseguiu e a presença forte que a cultura francesa ainda tinha em Portugal, no século XIX, explicam que, na época, o Teatro Nacional D. Maria II se tenha interessado por este Philidor. Foi nesse contexto que Eça, na altura um escritor ainda em projeto, traduziu o texto de Bouchardy, provavelmente por encomenda. As razões pelas quais o fez não são conhecidas, a menos que se conjeture aquilo que parece verosímil: um jovem em princípio de vida ativa terá aceitado um trabalho que lhe valeria algum provento, mais do que fruição ou aprendizagem literária. Por outras palavras: tendo passado pela aventura literária do Distrito de Évora e, antes e depois disso, pela colaboração na Gazeta de Portugal, o jovem Eça de Queirós dispunha do discernimento suficiente para saber que não estava a traduzir um clássico e também que a tradução não seria o caminho que lhe interessava seguir; em vez disso e na passagem dos anos 60 para os anos 70, Eça estava envolvido no surgimento do primeiro Fradique e, logo depois, já em 1870, na aventura a quatro mãos d’O Mistério da Estrada de Sintra.
Carlos Reis, in «Nota Prefacial»
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