Edição conjunta da Academia de Ciências de Lisboa e Imprensa Nacional, da autoria de Francisco Rebelo Gonçalves, 1940.
O final dos anos 1930 coincidiu com um dos períodos de maior intensidade propagandística e afirmação nacionalista do Estado Novo, que teve como corolário a organização das Comemorações dos Centenários da Fundação e da Restauração da Nacionalidade. No plano destas comemorações, a Academia das Ciências de Lisboa programou um conjunto de edições cuja impressão caberia à Imprensa Nacional, entre as quais se incluiu a edição completa do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

Esta opção era já tradicional na Academia e enriquecia o catálogo da Imprensa, ao incluir «publicações originais de alto valor e significado nacional». Para além disso, a intervenção da Imprensa Nacional nestes casos era imprescindível, uma vez que o setor privado não conseguia dar resposta às exigências e custos de composição, revisão e impressão, atendendo à quantidade de material bem como à quantidade e especificidades dos caracteres necessários. Só para impressão deste Vocabulário Ortográfico, estimou-se a produção de cerca de 12 toneladas de tipo para duas mil páginas, implicando a produção de novos punções pela Oficina de Gravura e a fundição de tipo correspondente.
Tendo em conta o «muito ineditismo científico» da edição, «trabalho original da Academia que seria lamentável que fosse violado antes do aparecimento da obra», foi também pedida especial vigilância sobre os compositores para evitar que levassem consigo folhas impressas ou provas. Perante todas estas circunstâncias, a Imprensa Nacional foi autorizada a assumir os trabalhos, iniciados em janeiro de 1940.
A publicação deste Vocabulário mereceu um louvor particular do seu autor, Francisco Rebelo Gonçalves, em fevereiro de 1941, destacando a «magnífica edição da Imprensa Nacional» então dada a conhecer junto do público em geral.
Biblioteca da Imprensa Nacional: 07-2-E-3-1/010
Fotografias de Nuno Silva (INCM). Coleção Imprensa Nacional-Casa da Moeda.