Spécimen des Types Divers de l’Imprimerie Nationale. Paris, Imprimerie Nationale, Décembre 1870.
As relações entre a Imprensa Nacional portuguesa e a sua congénere francesa marcaram, ao longo da segunda metade do século xıx, uma fase importante de modernização tecnológica e profissional da primeira.
Em 1843, o administrador-geral, Frederico Marecos visitou a Imprensa Imperial, onde conheceu todos os espaços e oficinas, chegando a colaborar com o 1.º chefe do serviço na ausência do diretor, Pierre Antoine Lebrun. Foi também em França que conheceu métodos de fabrico de tintas e o então designado processo de estereotipar e reproduzir gravuras e vinhetas, cujos aparelhos foram comprados à firma Didot.
A Imprensa Imperial de Paris foi também determinante para a modernização tecnológica e a renovação do ensino da nossa Imprensa, nomeadamente através do estágio realizado na capital francesa pelo compositor José Maurício Veloso e pelo impressor Francisco de Paula Nogueira, em 1857. Os operários tiveram também a responsabilidade de comprar novo equipamento, através da Imprensa francesa, e trouxeram consigo contributos importantes para o processo de reforma da Imprensa Nacional, sobretudo em matéria de organização do trabalho.
A influência francesa também se estendeu ao desenho e fabrico de tipos, muitas vezes inspirados nos espécimes da Imprensa Nacional de Paris. O acervo patrimonial da Imprensa Nacional inclui por isso vários catálogos de origem francesa, como esta edição de 1870, provavelmente recebido numa altura em que a fundição de tipos portuguesa se encontrava em plena renovação.
Fotografias de Nuno Silva (INCM). Coleção Imprensa Nacional-Casa da Moeda.