Nova edição «correcta, e dada á Luz, por Dom Joze Maria de Souza-Botelho, Morgado de Matteus, Socio da Academia Real das Sciencias de Lisboa», 1817.
Publicada em Paris, na Oficina Tipográfica de Firmin Didot, «impressor do Rei, e do Instituto», esta edição de Os Lusíadas inclui inúmeras notas e um artigo dedicado à «Vida de Camões», da autoria do editor, D. José Maria de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, 5.º Morgado de Mateus.
Sousa Botelho (1758-1825) destacou-se pela carreira diplomática, em particular pelo processo de negociação de paz com a França, em 1801. Casado em Paris em 1802 e aí instalado em 1817, preparou esta edição monumental que mandou imprimir na capital francesa, numa das tipografias mais célebres do país, onde foram produzidos 210 exemplares para oferta, depois distribuídos por vários países e continentes.
Na sua «Advertência», datada de setembro de 1816, o editor evoca a importância de dar a conhecer edições cuidadas dos primeiros clássicos nacionais, «apurando com curioso desvelo os textos originais, e ornando-se com todo o luxo da tipografia, do desenho e do buril». Este tipo de edição deveria constituir «uma espécie de monumento erigido aos autores assinalados que as ilustraram, e um meio de conservar com mais resguardo os seus textos puros nas bibliotecas públicas, e nas dos amadores de livros…».
A direção artística coube ao pintor francês F. Gérard, que também concebeu a estampa inicial que representa a figura de Camões, associando-se às restantes gravuras os artistas franceses Fragonard, Visconti e Desenne, além de um largo conjunto de gravadores. Cada Canto é precedido de ilustração em gravura, representando uma das cenas, ao qual se associa um excerto, como se pode ver na imagem da «Visita do Rei de Melinde a Gama» (II, est. 101).
O exemplar pertencente à biblioteca da Imprensa Nacional contém dois carimbos da biblioteca, além de um, provavelmente reportando ao anterior proprietário, com a inscrição «Livraria de D. Franc. Manuel».
Biblioteca da Imprensa Nacional: 04-2-E-1-1/015
Fotografia de Nuno Silva (INCM). Coleção Imprensa Nacional-Casa da Moeda.