Nova arte de escrita, de Satírio Salazar, publicado pela Impressão Régia em 1807.
A arte da caligrafia, difundida no contexto de crescente interesse pelas artes tipográficas, ganhou reconhecimento como ferramenta de aperfeiçoamento da escrita manual a partir do século XVIII. Esta edição figura entre um pequeno conjunto de outras edições de finais de setecentos e início de oitocentos que promoveram o ensino da arte caligráfica através da gravura ilustrativa, aproveitando a crescente difusão da cultura impressa.
Intitulado Nova arte de escrita para se aprender theorica, e praticamente a I. e II parte da forma de letra portugueza, intitulada de secretaria e escritorio, caracteres proprios para se ensinarem nas escolas deste Reino, e ultimamente a letra ingleza, extrahida dos sobreditos caracteres nacionais […] e sendo próprio «para todas as pessoas, que não tiverem aprendido a escrever com método, e se acharem ocupadas em empregos públicos, que lhe embaracem frequentar as aulas», este manual foi composto por Manuel José Satírio Salazar (1761-?), professor de escrita e aritmética prática e professor na Real Aula do Comércio. A sua escola, localizada na Calçada do Duque, em Lisboa, chegou a ser frequentada por Camilo Castelo Branco na década de 1830.
As gravuras que acompanham a edição, com desenhos originais de Satírio Salazar, são da autoria de José Lúcio da Costa, Teotónio José de Carvalho e Inácio José de Freitas.
O manual foi dedicado a António de Araújo de Azevedo, futuro Conde da Barca que, entre outros cargos, foi Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, e um dos responsáveis pela instalação da tipografia que esteve na origem da Impressão Régia do Rio de Janeiro, em 1808.
Fotografia de Nuno Silva (INCM). Coleção Imprensa Nacional-Casa da Moeda.