Edição póstuma de Lisboa Velha. Sessenta anos de recordações. 1850 a 1910, de António de Sousa Bastos (1844-1911). Prefácio de Gustavo Matos Sequeira, Oficinas Gráficas da Câmara Municipal, Lisboa, 1947.
Dramaturgo, empresário e ensaiador teatral, António de Sousa Bastos foi também autor, jornalista, editor e livreiro, dedicando-se à publicação de imprensa e coleções dedicadas ao teatro popular. Escreveu vários trabalhos sobre a história do teatro português que, embora coloridos por episódios anedóticos e dados menos precisos, continuam a ser considerados obras de referência para a história do teatro oitocentista português. Muitas das peças que escreveu, de revista ou de outros géneros teatrais, tinham Lisboa como pano de fundo.
Entre as suas obras memorialistas, encontra-se Lisboa Velha, escrita por Sousa Bastos em final de vida, quando a saúde o obrigou a dedicar-se exclusivamente à atividade literária. Foi publicada postumamente, mais de três décadas após a sua morte, reunindo histórias e memórias da cidade, incluindo o teatro. No prefácio à edição, Gustavo Matos Sequeira (1880-1962) recordaria, sobre o autor:
«António de Sousa Bastos, o autor deste livro que a Câmara Municipal de Lisboa, pela Direção dos seus Serviços Centrais e Culturais, adquiriu para dar à estampa e acrescentar com ele a bibliografia da capital, juntando assim todo o material útil para a sua história, foi um alfacinha que soube sentir o seu tempo e, o que é mais, interpretá-lo, através da sua sensibilidade, integralmente de acordo com ele, sem ser saudosista nem inovador, e com a vantagem de saber observar, como um jornalista que foi, os horizontes e os pormenores da vida citadina, de 1850 e 1910.»
Sousa Bastos, como também notou Matos Sequeira, viveu intensa e profundamente a realidade social lisboeta do final do século xıx: «Homem do jornal e homem do teatro […] pôde assim ser parceiro, camarada e amigo de escritores e homens de letras, privar com eles, intervir em polémicas e cenáculos, frequentar livrarias, tratar com editores, e adquirir, com a sua inteligência viva, e a sua curiosidade natural de homem do mundo, o somatório de conhecimentos revelados neste livro de memórias […]».
Os desenhos originais das ilustrações, em guache e tinta da China, da autoria de Rocha Vieira (1883-1947), fazem parte do acervo do Museu de Lisboa.
Também de Sousa Bastos, a biblioteca da Imprensa Nacional conserva ainda a obra Diccionario do theatro portuguez, publicado em 1908 pela Imprensa Libânio da Silva. Mais recentemente, em 2018, a Imprensa Nacional publicou um volume dedicado à sua vida, da autoria de Paula Gomes Magalhães, integrado na coleção Biografias do Teatro Português.
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Fotografias de Nuno Silva (INCM). Coleção Imprensa Nacional-Casa da Moeda.