Caricaturas e ditos da língua portuguesa, Bordalo Pinheiro

Album de caricaturas: phrases e anexins da lingua portugueza, de Rafael Bordalo Pinheiro. Edição da Tipografia Editora de Matos Moreira, 1876.

Nascido no seio de uma família de artistas, entre os quais se destaca o seu irmão, o pintor Columbano, Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) dedicou-se a diferentes abordagens artísticas, das artes gráficas às artes plásticas, incluindo a cerâmica, o desenho de objetos e a decoração. A sua obra, sempre atenta à vida portuguesa, ficou profundamente marcada pela crítica social, cultural e política, destacando-se pelo desenho humorístico, em especial a caricatura, que publicou frequentemente na imprensa periódica, incluindo vários jornais estrangeiros.

A sua formação foi diversificada mas nunca concluída: em 1865, matriculou-se no Curso Superior de Letras, passando também pelas classes de Desenho da Academia Real das Belas Artes de Lisboa e pelo Curso de Arte Dramática do Conservatório de Lisboa.

Em 15 de setembro de 1866 casou com D. Elvira Ferreira de Almeida, contrariando a vontade da família da noiva. O enlace foi apoiado pelo escritor humorístico e jornalista Júlio César Machado (1835-1890), que já tinha contado com a colaboração de Bordalo Pinheiro (em 1875 ilustrara a obra de Machado, Os Teatros de Lisboa, com cerca de 250 litografias) e prefaciou este álbum de caricaturas.

Esta coleção de gravuras que ilustram ditos populares portugueses foi dada à estampa pouco depois de Bordalo Pinheiro criar o famoso Zé Povinho e de partir para o Brasil, onde iria colaborar nos jornais O Mosquito, Psit!!! e O Besouro. O álbum inclui 13 caricaturas do humorista, gravadas por Severini e Pastor, antecedidas pelo texto de Júlio César Machado, que traça uma breve biografia de Bordalo Pinheiro e evoca o talento de um artista insuficientemente reconhecido no seu país: «naquele género Portugal não tem mais nenhum. E não se faz; por aí ainda não se faz; fazem-se conselheiros, fazem-se deputados, fazem-se desta comissão e daquela e da outra, fazem-se medalhões, mas não se fazem Rafaeis Bordalos.».

Biblioteca da Imprensa Nacional: 06-2-E-2-2/019

Fotografias de Nuno Silva (INCM). Coleção Imprensa Nacional-Casa da Moeda.