Obra de Ferreira de Castro, publicada pela Empresa Nacional de Publicidade em 1944.
Um dos escritores mais traduzidos da literatura portuguesa, José Maria Ferreira de Castro (1898-1974), cujo nome chegou a ser proposto para o Nobel da Literatura em 1951, viajou sozinho para o Brasil aos 12 anos, deixando para trás a sua terra natal, Ossela, Oliveira de Azeméis. Enquanto emigrado, viveu e trabalhou na floresta amazónica, onde conheceu de perto a exploração dos indígenas, das populações mais pobres e dos emigrantes, começando aí a escrever os primeiros contos e crónicas.
Representação da coluna serpentina em Delfos. Gravura em duas cores por Roberto Nobre.
Na década de 1920, já de volta a Portugal, trabalhou como jornalista, colaborando nos jornais O Século e A Batalha, entre outros. No plano literário, destacou-se em particular com as obras Emigrantes (1928) e A Selva (1930), esta última recentemente adaptada para o cinema.
Em 1939 iniciou uma viagem de volta ao mundo, com a sua segunda mulher, a pintora espanhola Elena Muriel, pouco antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial. Terá sido esta experiência que deu forma à obra A Volta ao Mundo, que escreveu entre 1941 e 1944 como um diário de viagem, documentando muitos dos lugares, culturas e património que a guerra haveria de transformar.
A primeira edição, com quase 700 páginas, atingiu uma tiragem de 25 mil exemplares e inclui várias ilustrações de Roberto Nobre, de Júlio Amorim, de Jorge Barradas e da própria mulher, Elena Muriel, que pintou ao natural alguns dos espaços visitados.
Mesquita de Samarra, Iraque. «Trabalho de Elena Muriel feito do natural».
Biblioteca da Imprensa Nacional: 02-2-D-1-1/015
Fotografias de Nuno Silva (INCM). Coleção Imprensa Nacional‑Casa da Moeda.