Trabalho de homenagem ao imperador do Brasil, 1872.
Em 11 de março de 1872, durante uma longa viagem pela Europa, o imperador do Brasil, D. Pedro II, incluiu na sua agenda a visita à Imprensa Nacional de Lisboa.
A notícia da visita foi registada no Diário do Governo do dia seguinte, dando conta da sua passagem pelas oficinas e também das diversas ofertas de trabalhos executados na Imprensa Nacional: «Sua Majestade Imperial dignou-se também aceitar o oferecimento de vários livros e outros trabalhos executados no estabelecimento, os quais deu demonstração de apreciar devidamente.»
Entre esses trabalhos, destacou-se a oferta do poema ornamentado, dedicado A Sua Majestade Imperial o senhor Dom Pedro Segundo do Brazil, com a «Homenagem da Imprensa Nacional de Lisboa em março de 1872».
A prova deste trabalho impresso em policromia, cujo original foi certamente oferecido a «Pedro de Alcântara», como gostava de autointitular-se, foi preservada pela biblioteca da Imprensa Nacional.
Em moldura ornamentada, pode ler-se o poema, da autoria de António Feliciano de Castilho, do qual se transcreve um excerto:
«Desceste grande e máximo
do Sólio mais brilhante;
e, desvestindo a púrpura,
simples audaz viajante
correste o mundo, atónito
de ver-te e de te ouvir.
Buscavas as ciências,
aos sábios dando espanto;
colono, artista, artífice,
te ouviam com encanto,
que tudo em toda a língua
sabias exprimir.
Pasmas Britânia, Gálias
a cavalheira Espanha,
a elísia terra de Italos,
a tétrica Alemanha;
e a todas na pirâmide
vais o porvir sondar.
Volney melhor, nas tácitas
ruínas das idades,
como no estuar caótico
das vivas sociedades,
andaste ouvindo oráculos
da ciência de reinar.»
A oferta da edição foi noticiada na imprensa periódica brasileira, em abril do mesmo ano, que também deu a conhecer o poema.
Biblioteca da Imprensa Nacional: 06-2-E-2-2/020.
Fotografias de Nuno Silva (INCM). Coleção Imprensa Nacional-Casa da Moeda.