Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    056
  • Tipo de documento
    Exposição
  • De:
    Administrador Geral
  • Para:
    Ministro do Reino
Transcrição

“Ao Ministro do Reino

Ill.mo e Ex.mo Snr. = Em resposta à Portaria que V. Ex.ª me acaba de dirigir relativa ao meu oficio de 27 do mês próximo passado, só posso hoje dizer que não tenho perdido um momento em fazer todas as indagações que o caso do roubo feito nesta Repartição, mui serimanete exige, mas que por ora não me é possivel dar já uma conta delas a V. Ex.ª porque o exame e balanço dos armazéns ainda não estão de todo verificados. Este balanço e exame estão-se fazendo na presença do Fiador, que hoje pela segunda vez aqui se acha e só depois deles concluidos entrarei em arranjo com ele sobre o modo e o tempo do pagamento, que por nenhum modo ultimarei sem o apresentar a V. Ex.ª para ver se é da sua aprovação. Já em um periódico de sábado passado o Director vem um artigo escrito com aquela imparcialidade que geralmente ostentam entre nós os jornalistas, e nele se procura mostrar que a má Administração actual é causa deste triste acontecimento, elogiando sobremaneira as administações anteriores à minha. Quais estas foram V. Ex.ª poderá ajuizar pela copia do notável documento que remeto; e quanto à minha rogo a V. Ex.ª queira manda-la indagar oficialmente, porque em qualquer dia que assim o queira, e a qualquer hora achará a regularidade com que está feita a escrituração de tudo o que pertence a este Estabelecimento. Os balanços não se podem dar todos os dias em armazéns como os desta oficina, e o ultimo que se fez foi em Janeiro deste ano, emq eu tudo se achou regular; depois disso as contas de entradas e saídas se acham também regularmente escrito, e é tudo o que poder fazer uma Administração exacta, e que tem Fieis responsaveis dos seus armazéns. Se porém por qualquer consideração o Governo de Sua Magestade julgar que a minha Administração não tem sido boa eu sem dificuldade largarei este lugar em que segundo a minha consciencia, tenho feito tudo o que me tem parecido proprio para o aumento da fazenda publica, declarando ao mesmo tempo a V. Ex.ª que sem grande dificuldade mostrarei que longe de este Estabelecimento ter piorado com a minha Administração, eu o tenho enriquecido e aumentado com alguns contos de reis. Como o roubador, Luís do Patrocinio Martins, embarcou no dia 25 do mês passado para o Rio de Janeiro na Galera Firmeza, e pode ser que levasse consigo alguma parte do roubo, como Cartas de Jogar, e algum papel se a V. Ex.ª parecer conveniente, não seria fora de propósito avisar, por via de Inglaterra o nosso encarregado de negócios no Rio de Janeiro deste acontecimento, para que ele ali tomasse todas as medidas que o caso pede, e forem conforme com as leis do país = Deus Guarde a V. Ex.ª Lisboa e Administração Geral da Imprensa Nacional em 20 de Julho de 1838 = Ill.mo e Ex.mo Snr António Fernandes Coelho Secretário de Estado dos Negócios do Reino = José Liberato Freire de Carvalho.” (pp. 47 – 48 v.)