“(…) Em 27 de Janeiro ultimo tive a honra de expor a V. Ex.ª, que sem falar em consideráveis somas anteriormente dispendidas por esta Repartição em impressos para o Ministério do Reino, a despesa deita por ela no ano antecedente importára em 1:842.086 réis: que acrescendo a esta adição 1:000.000 réis mais, importância das requisições, que nessa data tinha a satisfazer, havia por parte dela o desembolso de 2:842.086, quantia cujo dispendio era muito superior aos seus meios, principalmente quando esses mal chegavam para as despesas extraordinárias as novas aquisições e melhoramentos, para o que o ilustrado interesse de V. Ex.ª pela prosperidade deste Estabelecimento me havia autorizado. Dignou-se V. Ex.ª mandar-me dar o auxílio de 1:000.000 réis, porém, Snr., este benefício ficou bem depressa nulo, porque as subsequentes requisições do Ministério do Reino, entre as quais avulta um número imenso de modelos de escrituração, fizeram de despesa até 31 de Maio último 1:141.156 réis. Desde a minha vinda de França tem esta Repartilção acorrido às despesas ordinárias do seu custeamento; às despesas extraordinárias e avultadas das obras indispensáveis para a colocação das novas machinas; às despesas de fretes, viagens e salários do machinista e do operário que vieram de França ao serviço deste Estabelecimento na conformidade do exposto no meu Relatório de 10 de Janeiro; tem remetido para Paris mais de 1:300.000 réis para diversos pagamentos; pagou no Banco uma letra de 4:000.000 réis; tem pago em diferentes prestações a fábrica de ferraria de Jacinto Dias Damasio por muitos e diferentes objectos indispensáveis ao serviço quase 2:000.000 réis, e tem ainda a satisfazer um resto das obrigações constraídas para as importantes aquisições que tem feito, e algumas outras despesas. Para acorrer a tudo isto fui obrigado a pedir ao Snr. Ministro da Fazenda que me fizesse alguns adiantamentos por conta das impressões do Tesouro ao que S. Ex.ª se prestou benignamente, resultando porém dessa protectora concessão ficar captiva uma parte considerável da receita para amortização das quantias adiantadas. Pagou-se mais o juro, e se está pagando mensalmente uma prestação pelo empréstimo que lhe fez o Montepio das Secretarias de Estado, e que V. Ex.ª se serviu autorizar. Em tais circunstâncias não é possível que eu deixe de ver-me em graves embaraços, de que mal poderei sair sem a eficaz protecção de V. Ex.ª. Sei que a apurada situação do Tesouro deve aferir [ou oferecer ?] dificuldades às benevolentas disposições de V. Ex.ª, mas parece-me também que o auxilio que peço não é de natureza de fazer nela uma diferença considerável, e ninguem deixará de convir que seria uma pena, ou antes um grande mal, se por falta de um pequeno sacrificio mais se retardasse, ou suspendesse o complemento dos arranjos deste Estabelecimento, que deve à Administração de V. Ex.ª dentro em pouco tempo achar-se no estado de competir com as mais acreditadas que há desta espécie entre as nações mais adiantadas. Não receio ser convencido de exagerado nesta asserção. Em vista pois do exposto rogo a V. Ex.ª, que tomando-o em sua alta consideração, se digne mandar dar a esta Repartição ao menos a importancia da despesa feita com as requisições do Ministério do Reino nos ultimos 4 meses, que é de 1:141.156 réis. (…) Lisboa etc. 7 de Junho de 1844 = Ill.mo e Ex.mo Snr. António Bernardo da Costa Cabral. = O Administrador Geral – J. F. Pereira Marecos.” (pp. 52-55)