“Ao Ministro do Reino
Ill.mo e Ex.mo Snr. = Acabo de receber a resposta que V. Ex.ª me envie [?] aos meus dois ofícios de 17 do corrente, e por ela veja que não tinha ainda visto nem examinado o meu ultimo oficio de 28 do corrente em que lhe mandei a Relação dos Empregados desta Casa com os seus vencimentos, deixando ao arbítrio de V. Ex.ª fazer neles não só a diminuição que pareça conveniente mas no pessoal que indicava. Em todos os meus ofícios tenho exposto a V. Ex.ª a necessidade de apresentar o Velho Contador que pela sua idade de 83 anos está incapaz de serviço, e necessita ser substituído por outro para que o expediente da Contadoria se faça com regularidade e exactidão. Eu não encontro aqui lei alguma que conceda aposentadoria aos Empregados da Casa mas sei que este é costume do Reino e que em todas as Repartições se aposentam ou se reformam, todos os Empregados que pelos seus muitos anos de serviço e de idade estão no caso de receber esta graça. Fundado nestes princípios e na necessidade de substituir esse velho Empregado é que eu renovo a minha proposta; pedindo a V. Ex.ª que concedendo-se-lhe a reforma ou aposentadoria se lhe designe logo o ordenado com que deve ficar. Fiquei admirado de ler em nome de V. Ex.ª a resolução pela qual se dá por inútil o lugar de Tesoureiro desta Casa, e por consequência abolido. Nisto vejo eu que ainda se quer governar esta Casa pelas influencias ocultas daquela que até agora a tem governado, e por isso vai conforme a resolução com estas influencias. A inutilidade do Tesoureiro está no seu inteiro caracter, na sua probidade, e mais que tudo na franqueza e constância dos seus princípios liberais. Pela manifestação destes princípios é que o meu antecessor expulsou o Tesoureiro. Por que ele tem desmascarado muitos extravios desta Casa, para lhe não chamar delapidações e pela mesma manifestação de princípios e que se lhe tem feito toda a guerra para que não fosse eleito na sua Freguesia, apesar de nela ser já sucessivamente por dois anos nomeado Juiz da Paz, o que mostra a boa opinião de que ele goza. Eis aqui pois a verdade, e declaro a V. Ex.ª que eu não quero por modo algum ser capa de intrigas, nem de intrigantes, Agora torno a repetir que é preciso em um Estabelecimento como este haver um Empregado que seja o Fiel do Cofre o que eu não quero ser, nem serei jamais. Alem disto o Tesoureiro, que deve ser ao mesmo tempo Pagador e Solicitador tem que solicitar das diversas repartições e indivíduos que talvez no dia de hoje excedam a mais de cinquenta parcelas à vista disto peço a V. Ex.ª considere bem o que lhe proponho, e me dê uma definitiva resolução não só sobre este objecto, mas sobre o Contador . Como organização futura da Contadoria remeto a V. Ex.ª o plano incluso deixando à prudência de V. Exª o designar os ordenados dos indivíduos ali aprontados. Estes Empregados que proponho são unicamente aqueles que tem ordenados mensais, ou anuais, todos os mais que vão especificados no meu oficio de 28 do corrente são verdadeiramente operários ou jornaleiros, cujos vencimentos podem variar segundo os tempos as circunstancias, e desta variação só pode ser juiz o Administrador Geral, seja ele qual for (…) Lisboa e Administração Geral da Imprensa Nacional 30 de Setembro de 1826 = Ill.mo e Ex.mo Snr. Manuel da Silva Passos. Secretario d’Estado dos Negócios do Reino = José Liberato Freire de Carvalho.
Relação dos empregados que parece ao Administrador Geral da Imprensa Nacional se deve compor a futura Administração.
Administrador Geral
Director da Contadoria em lugar do antigo Contador que por sua idade de 83 anos está incapaz do serviço
Escriturario
1º Amanuense
2º Dito
1 Pagador e Solicitador” (pp.11-12)