Detalhes de documento

  • Arquivo
    INCM/Arquivo Histórico da Imprensa Nacional
  • Cota
    402
  • Tipo de documento
    Exposição
  • De:
    Administrador Geral
  • Para:
    Ministro da Fazenda
Transcrição

“(…) A benévola e patriótica protecção que V. Exª tem sempre mostrado pela Imprensa Nacional anima a fazer a V. Ex.ª a seguinte exposição, na esperança que alcançarei de V. Ex.ª mais um benefício para este Estabelecimento, que deve a sua prosperidade e notável desenvolvimento à séria atenção com que V. Ex.ª a tem olhado.
Em consequência das ponderosas representações que meu infeliz irmão, e meu antecessor, dirigiu a V. Ex.ª sobre as circunstâncias desta Casa, dignou-se V. Ex.ªde ordenar que o alcance em que a Imprensa Nacional está para com o Ministério da Fazenda fosse pago por metade da importância dos impressos que o mesmo Ministério mandasse aqui fazer. Assim se tem praticado. Entretanto como os meios pecuniários desta Casa são por ora insuficientes para a sua enorme despesa, porque as férias semanais sobem ordinariamente de 450 a 500.000 réis além da importânciado material, e dos vencimentos certos dos empregados, somando toda a despesa anual de 48 a 50:000.000 réis, experimentam-se mortificantes dificudades para manter um tão importante Estabelecimento. Este estado de apuro e de dificuldade há-de desaparecer quando pelo decurso do tempo se tirar o infalível resultado das machinas, e de muitos outros aperfeiçoamentos om que hoje está enriquecida a Imprensa Nacional; mas esse futuro lisonjeiro não provê às necessidades do presente. – Ora sobre a grande despesa ordinária é forçoso para credito nacional e interesse da Fazenda entrar numa outra despesa, a da impressão dos Breviários e Missais. Esta impressão, como eu já tive a honra de demonstrar a V. Ex.ª, dará de lucro a Imprensa Nacional de seis a sete contos de réis, evitará que os Estrangeiros introduzam em Portugal aqueles livros; continuará o nosso comércio de venda deles para fora do país, porque grande parte vai para o Brasil, e alguns para Espanha; fará uteis as chapas das estampas propriedade da Imprensa Nacional, primores d’arte, que se notam naqueles livros, e dará muito que fazer a operários portugueses. – Outra impressão valiosa e necessária deve começar com a maior brevidade, e a da Reforma Judiciária de cinco a seis mil exemplares, cujo importe é também da consideração, e esta Casa nem tem os suficientes meios para a despesa ordinária!! É verdade que V. Ex.ª já se dignou de atender à situação da Imprensa Nacional para ela negociar com o Banco de Lisboa um empréstimo que a habilitasse a fazer a impressão dos Breviários e Missais; mas, senhor, um empréstimo é um novo alcance para esta Casa, e destroi o benefício que V. Ex.ª lhe fez de a livrar dos juros que venciam 3:089.040 réis, porque hoje a Imprensa Nacional é responsável ao Ministério da Fazenda! Nestas circunstâncias pois venho de novo implorar a protecção de V. Ex.ª por este Estabelecimento, pedindo-lhe um último favor, que me habilitará a mantê-lo, e a ocorrer às despesas extraordinárias que deixo ditas, se V. Ex.ª ordenar que por algum tempo se pague por inteiro à Imprensa Nacional a importâncias dos impressos do Ministério da Fazenda, continuando a dedução que até agora se tem feito, ou outra maior, logo que os melhoramentos desta vasta oficina produzam os seus vantajosos resultados. – Peço perdão pelas repetidas vezes que me tenho dirigido a V. Ex.ª, solicitando benefícios para esta Casa, mas a extrema bondade de V. Ex.ª, e a sua constante vontade de prover a todos os objectos de serviço publico, tem da azo à minha impertincência. – A Imprensa Nacional bem dirá eternamente a V. Ex.ª como o seu mais zeloso protector – (…) Lisboa etc 6 de Maio de 1845 = Ill.mo e Ex.mo Snr. Conde do Tojal . = O Administrador Geral – F. A. Pereira Marecos.” (pp. 114-117)