“(…) Como Administrador Geral da Imprensa Nacional cumpre-me não só empregar todos os meios para que as diversas artes que se praticam aqui cheguem ao maior grau de perfeição possível, tendo em vista a mais severa economia, mas vigiar pela conservação do belo edifício em que se acha este importante estabelecimento. Todos os anos se gastam alguns centos de mil reis em concertos nesta Casa, que noutro tempo, quando ela tinha grandes rendimentos, eram feitos pelas Obras Públicas. Entretanto pelas desgraçadas circunstâncias de que temos sido victimas e que reduziram esta Casa ao maior apuro, não é possível actualemente fazer-se um reparo, cuja falta ameaça grande ruina. As paredes exteriores deste edificio preciam indispensavelmente de ser picadas e rebocadas, pois se acham em péssimo estado, não só pela sua antiguidade, muito anteriores ao terramoto de 1755, mas em consequência do enorme peso dos objectos tipográficos que estão sobre elas, e que sobe até muito perto de três mil arrobas, além dos madeiramentos, telhado, etc. Venho pois pedir a V. Ex. que ou me mande habilitar com os fundos necessários para fazer esta urgentissima obra, sendo estes fundos dados por conta do que o Ministério do Reino à Imprensa Nacional, divida que orça por mais de 1:800.000 de réis, ou determine que tais reparos sejam feitos pelas obras Públicas, sendo esta hipotese, a meu ver, muito mais preferível, não só por que em todos os tempos os concerto da maior monta de que esta Casa precisava foram feitos por aquela repartição, mas porque assim ficaram mais baratos para a Fazenda em consequência dos meios que as Obras Públicas tem para os levar a efeito, havendo ainda a grande vantagem de ser a obra inspeccionada pelos mais competentes peritos.
Confio que V. E. pelo zelo e perspicaz inteligência com que decide os negócios que lhe são presentes atenderá ao que deixo exposto, dando as providências para a conservação de um edificio do Estado, que vale, por si e pelo que encerra, mais de duzentos contos de reis.
(…) em 30 de Maio de 1848
Ill.mo e E.mo Sr. Duque de Saldanha
M.º e Secr. De Estado dos Neg. do Reino
O Administrador Geral.
(documento 246)