«Tendo-se concluído inteiramente a remessa para Paris dos produtos, que em conformidade das ordens do Governo de Sua Majestade, foram coligidos para se apresentarem por parte deste estabelecimento, como demonstração dos seus progressos, na Exposição Universal inaugurada no 1.º de maio corrente, cabe-me a honra de assim o comunicar a V. Ex.ª, enviando, outrossim inclusos 2 exemplares de um opúsculo que os acompanhou, redigido em língua francesa […]. Eram grandes as dificuldades, que se deparavam para preparar uma razoada coleção de obras e produtos das diversas oficinas na Imprensa Nacional em circunstâncias de aparecerem sem desar no certame da indústria humana, atendendo mormente ao pouquíssimo espaço de tempo decorrido desde que se reconheceu não ser decoroso deixar de aceder ao nobre convite da França até ao dia designado para o embarque dos objetos colecionados. […]
E porque é esta a primeira vez que me dirijo a V. Ex.ª num assunto de maior importância, permita-me que enquanto não levo ao conhecimento do Governo de Sua Majestade um relatório amplo, minucioso e tão completo quanto possível acerca do estabelecimento a meu cargo […] eu exponha desde já a V. Ex.ª o resultado do meu estudo e observações, acerca desta Repartição.
Não tenho a vaidosa pretensão de supor que refiro uma novidade a V. Ex.ª repetindo o que V. Ex.ª conhece melhor do que ninguém, que a Imprensa Nacional de Lisboa é um dos mais interessantes estabelecimentos do Estado, achando-se elevado a um grau de mui notável aperfeiçoamento, em boa parte devido aos indefesos esforços e esclarecida diligência do meu antecessor […].
Sobre dois pontos, principalmente, se fixou a minha atenção desde que me encontro à frente desta casa. É um deles a sua administração e contabilidade: esta, principalmente elaborada aliás em perfeita harmonia com as leis e regulamentos da fazenda pública, não pode hoje, cabalmente, corresponder às exigências de um estabelecimento, que posto seja uma administração do Estado, nem por isso deixa de participar das condições a que está sujeita qualquer empresa mercantil. Carece-se, pois, de uma reforma bem bem meditada e complexa, em ordem a tornar exequível uma contabilidade industrial que forneça a todos os instantes os elementos de informação indispensáveis. […]
No tocante ao material, também do que tenho visto e do que me há sido indicado pelos empregados que considero mais competentes, deduzi a necessidade, a indispensabilidade mesmo, de substituir algumas das suas máquinas, que se encontram em diversas oficinas deste estabelecimento e do adquirir outras que os admiráveis progressos realizados nas artes gráficas tornam recomendáveis e hão sem dúvida de concorrer para aperfeiçoar os trabalhos deste estabelecimento e melhorar sensivelmente as suas condições fabris e económicas. Uma das máquinas que tem forçosamente de ser substituída é o atual motor, que funciona há trinta e três anos e que já não poderá satisfazer ao que importa à regularidade e prontidão do serviço. Convém, portanto, adquirir quanto antes uma máquina de vapor, de moderno sistema e da força necessária para mover todos os prelos mecânicos e outras máquinas ou aparelhos […].»
[Nota: Estão intercaladas propostas (A a D) de aquisição de equipamento]