Com curadoria de Jorge Silva e organizada em parceria pelas Câmaras Municipais de Matosinhos e de Setúbal, «Da Luz e das Sombras» foi inaugurada a 16 de janeiro deste ano, na Casa do Design de Matosinhos com entrada livre. A exposição vai ser agora prolongada até 30 de agosto.
Manuel Lapa (1914-1979) é um nome cimeiro da história visual portuguesa contemporânea. Manuel Lapa exerceu uma atividade prolífica e marcante entre as décadas de 1940 e 70, tendo-se destacado na produção de trabalhos icónicos ao serviço da propaganda do Estado Novo, de que a direção de arte da Exposição do Mundo Português (1940) é o expoente máximo. O seu trabalho, no entanto, não se limitou à colaboração com o regime, tendo sido vasto e diversificado nas áreas da ilustração e design editorial ou até da hagiografia e do figurinismo para cinema.
A exposição «Da Luz e das Sombras», com curadoria de Jorge Silva, esteve patente ao público pela primeira vez no âmbito da Festa de Ilustração de Setúbal em 2019, estando agora patente na Casa do Design em Matosinhos. Apresenta 34 originais de Manuel Lapa, entre desenhos e maquetes; 66 impressões digitais em papel, a partir de ilustrações de livros; 56 peças impressas, entre cartazes, livros e revistas; e ainda três ilustrações em vinil recortado, de grandes dimensões. No total, a exposição tem 156 peças. Dessas, 9 peças (6 revistas Prelo, 2 estudos de capas de livros e 1 livro) pertencem à Imprensa Nacional-Casa da Moeda (acervo da Biblioteca da Imprensa Nacional).
O catálogo da exposição Manuel Lapa – Ilustração, Arranha-Céus Editora, conta com edição de Jorge Silva.
Manuel Lapa (Lisboa, 20.09.1914–11.12.1979) foi um dos mais importantes ilustradores e artistas gráficos da segunda geração do Moderninsmo português. Diplomado pela Escola de Belas-Artes de Lisboa, foi professor na mesma instituição. Em 1940 assume a direção de arte da Exposição do Mundo Português. Dirigiu e ou colaborou com revistas como a Panorama, Diana ou Atlântico.
Participou em várias exposições e integrou a equipa de artistas-decoradores do Museu de Arte Popular. Em 1947 foi-lhe atribuído o Prémio Domingos Sequeira. Fez parte do núcleo de fundadores do IADE (Instituto de Arte, Decoração e Design) de Lisboa.
Jorge Silva (Lisboa, 1958) é um designer de comunicação dedicado essencialmente ao design editorial e à direção de arte de publicações. Foi diretor de arte dos jornais Combate e O Independente e dos suplementos que desenhou para o jornal Público, Y e Mil Folhas. Jorge Silva tem dezenas de prémios da The Society for News Design americana pelo seu trabalho de direção de arte nestes dois jornais. Dirigiu várias revistas, como a 20 Anos, Ícon, LER e LX Metrópole, da Parque Expo. Esta última originou, em 2001, a criação do atelier Silvadesigners, que se tem dedicado ao branding cultural, sobretudo relacionado com a vida cultural lisboeta. Neste contexto, faz a direção de arte das revistas Agenda Cultural de Lisboa, XXI e Blimunda. Durante três anos ocupou as funções de diretor de arte do Grupo Editorial Leya e, desde o início de 2015, é consultor artístico da Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Nos últimos anos tem lecionado Direção de Arte em mestrados da Faculdade de Belas-Artes do Porto e tem-se dedicado à investigação e curadoria nas áreas do design e ilustração. É responsável pelo conceito e edição da «Coleção D», publicada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, sobre designers históricos e contemporâneos portugueses. Criou o blogue Almanaque Silva, onde conta histórias da ilustração portuguesa. É membro da AGI – Alliance Graphique Internationale, desde 2012.