Fotobiografia de Antero de Quental
Ana Maria Almeida Martins
A primeira edição da Fotobiografia de Antero de Quental aconteceu em 1986, exactamente durante o período que marca o aparecimento deste modelo de livros inaugurado entre nós na Imprensa Nacional-Casa da Moeda com Vasco Graça Moura, de quem, aliás, partiu o convite para a organizar.
A presente edição, embora mantendo, em parte, o objectivo da primeira e seguindo praticamente o mesmo percurso — a carta autobiográfica a Wilhelm Storck como fio condutor —, apresenta, graficamente, diferenças substanciais, resultantes das modernas técnicas de impressão, mas, sobretudo, devido ao aparecimento de material iconográfico ainda inédito.
No prefácio de 1986 lia-se que, apesar das referências que lhe faziam intelectuais e políticos, o Antero revolucionário e, principalmente o ensaísta, era um quase desconhecido apresentado pelo ensino oficial como um poeta difícil e um tanto datado, ainda que com algum direito ao lugar de percursor, historicamente significativo, de uma determinada tendência da poesia portuguesa.
(…) Para Eduardo Lourenço, «a vida de Antero — fenómeno raro em Portugal — é uma das vidas dos nossos grandes espíritos que conhecemos melhor — talvez demasiadamente e com um conhecimento doentio». (…) Nascia assim uma personalidade esteriotipada, oscilando entre o estróina, cábula e boémio de Coimbra, o revolucionário e agitador de Lisboa e o amargurado e pessimista de sempre, com o olhar perdido num vago horizonte, de preferência marítimo. (…)