
A 16 de abril de 1889 nascia em Londres o ator, diretor, produtor, humorista, empresário, escritor, comediante, dançarino, argumentista e músico britânico Charles Spencer Chaplin, criador e criatura de uma das personagens mais famosas da cultura mundial: Charlot.
Charlot, então, o quê? Um amoroso transido e sempre rebuscando o amor ou nele declinando, por fim, a sua sucessão, «um sonhador, um poeta que ama as crianças e as rosas, que sabe o que é o assassinato — que sabe, apenas, que deve viver e que tem medo». É a própria definição que Charles Chaplin lhe dá — e neste amor buscado, e neste medo que o envolve, vítima permanente da sociedade, o mito se desenvolve, define e se assume, em própria (self) criação.
Como em mais nenhum criador na longa história da cultura ocidental, talvez possamos ter observado.
Como (ousarei dizê‑lo aqui? — talvez brincando, talvez não…) uma espécie de Zé Povinho universal!
Próximo como se quer do público, e de um público vivo que se manifeste, que se relaxe, que menos preso esteja a um convencionalismo de classe enleada de cuidados — Charles Chaplin encontra-se então gostosamente na presença nua e autêntica do povo: «A minha arte não é para os grão-finos — é uma arte para o povo». A sua arte é como a do circo, que nunca se aburguesou, que sempre contou com o entusiasmo simples dos aplausos e dos grandes risos.