Dia 27 junho, próxima quinta-feira, pelas 18:00h, na Biblioteca Nacional de Portugal, será apresentada a coleção «Obras Completas de Bocage». A apresentação está a cargo de António Carlos Cortez.
Quanto à coleção, coordenada por Daniel Pires, é inteiramente dedicada à obra multifacetada de uma uma das mais complexas e notáveis figuras do Iluminismo em Portugal: Manuel Maria Barbosa du Bocage. Autor versátil de múltiplas formas de poesia, dramaturgo e tradutor rigoroso (nomeadamente traduziu para a Imprensa Nacional), Bocage entrou em colisão declarada com a estética literária do seu tempo sem por isso deixar de ser reconhecido (e apreciado) entre as classes letradas da época. E a sua escrita irreverente tornaram-no uma referência para gerações e gerações de portugueses.
A coleção «Obras Completas de Bocage» é composta por três volumes. São eles:
Sonetos, Sátiras, Odes, Epístolas, Idílios, Apólogos, Cantatas e, Elegias: Tomo I e Tomo II (Vol I)
Este primeiro volume encontra-se divido em dois tomos que abarcam a maior parte da sua poesia. Esta edição é acompanhada por um estudo introdutório tido como indispensável para uma melhor compreensão da dimensão do homem, da obra e do seu contexto.
Traduções (vol. II)
Esta edição apresenta traduções de autores greco-latinos, franceses, italianos e de um britânico, prevalecendo os escritores clássicos e os franceses.
«Bocage foi um tradutor de mérito, atributo que, até ao presente, não teve o reconhecimento por parte da maioria dos seus biógrafos e de outros ensaístas. Conhecia profundamente a cultura francesa e a civilização greco-latina, a sua história, literatura e mitologia; assimilou a lição dos quinhentistas portugueses, facto que lhe facultou o domínio abrangente do idioma pátrio; acresce, por outro lado, o seu génio poético. A conjugação destes atributos permitiu-lhe, apoderando-se do espírito dos autores originais, verter para português com fidelidade, mestria e verve poética.»
Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas (vol. III)
Nesta edição reúnem-se as composições de caráter erótico, burlesco e satírico de Bocage, as de autoria duvidosa e também as indevida-mente atribuídas a Bocage, acompanhadas por estudo introdutório tido como indispensável para uma melhor compreensão da dimensão do homem, da obra e do seu contexto.
«Urge inverter a imagem que perdura junto de setores da população menos informados: o Bocage chocarreiro, protagonista de anedotas boçais, fura-vidas, promíscuo e pornográfico. Em oposição a esta caricatura, damos ênfase ao poeta genial, ao tradutor rigoroso, ao paradigma cívico, ao cidadão que marcou múltiplas gerações de portugueses, influenciadas pela sua irreverência, frontalidade, demanda de liberdade, humor corrosivo e pela assunção inequívoca do corpo.»
Daniel Pires, é licenciado em Filologia Germânica e doutorado em Cultura Portuguesa, foi professor cooperante em São Tomé e Príncipe e em Moçambique, professor do ensino secundário e leitor de português nas Universidades de Glasgow, Macau, Cantão e Goa. Dirige o Centro de Estudos Bocageanos desde a sua fundação, em 1999. É autor de, entre outras, as seguintes obras: Dicionário de Imprensa Literária Portuguesa do Século XX, Dicionário Cronológico da Imprensa Macaense do Século XIX, Bocage. A Imagem e o Verbo, bem como de ensaios sobre Camilo Pessanha, Wenceslau de Moraes, o Padre Malagrida, o Marquês de Pombal e Raul Proença. Colaborou no Dicionário de Fernando Pessoa, Dicionário da República, Dictionary of Literature of the Iberian Peninsula, Cambridge Guide to World Theatre, Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Dicionário de História de Portugal e Dicionário do 25 de Abril.