Ao longo das últimas décadas, os postais institucionais de Boas Festas da Imprensa Nacional-Casa da Moeda têm retratado a atividade gráfica e editorial da empresa.
Com frequência se recorreu à reprodução de gravuras do Mestre Gravador Francesco Bartolozzi (Florença, 1728 — Lisboa, 1815), contratado em 1802 por D. Rodrigo de Sousa Coutinho para reformar a aula de gravura da Imprensa Régia.
Em 1971, ainda a solo, a Imprensa Nacional apresentava no seu postal o logótipo brasonado com a legenda “Sciencias e Artes”, e no interior uma imagem gravada por Bartolozzi em 1811, nas Oficinas da Impressão Régia. Esta gravura voltaria a ser replicada no postal de Boas Festas de 1996.
A gravura Adoração dos Pastores, realizada em 1810, quando Bartolozzi já tinha 84 anos, viria a ser utilizada nos postais de 1997 e de 2010. Esta gravura pertence à obra Missale Romanum, editada em 1820, pela Tipografia Régia.
Nos postais de 1972 e de 1974, já com ambas as instituições reunidas numa só e um novo logótipo idealizado pelo designer Valente de Carvalho, o postal de Boas Festas da INCM reproduz uma imagem incluída numa edição antiga do Auto da Mofina Mendes, de Gil Vicente.
O postal de Natal da INCM em 1980 remete para as comemorações camonianas, decorridas 500 anos sobre a morte do poeta, com uma folha em fac-símile de Os Lusíadas, retirada da sua própria coleção das obras de Luís de Camões.
O uso de imagens retiradas das edições INCM para ilustração dos postais de Boas Festas é recorrente na década de 80, como podemos constatar na Adoração dos Magos, pormenor do vitral da capela-mor do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. Esta imagem foi utilizada na obra O Vitral em Portugal – séculos XV-XVI, editada em 1988.
Outro exemplo, na década seguinte, são os postais dos anos 1995 e 2000, que utilizam uma iluminura e uma gravura retiradas da edição da INCM, de 1983, do Livro de Horas de D. Manuel: estudo introdutório, de Dagoberto Markl.
Nos postais dos anos 90, observamos ainda a utilização de testemunhos históricos existentes no edifício da Casa da Moeda. Em 1993, é retratada a imagem de um fólio do Livro de Rezistos dos Previllegios… concedido aos Officiais e Moedeiros…, códice em pergaminho que pertence ao acervo do Arquivo Histórico.
Em 1994, opta-se por mostrar o fresco existente na antiga sala do Museu Numismático, aos dias de hoje a sala do Conselho de Administração. Este painel mural foi realizado pelo Pintor Henrique Franco e retrata o episódio da recolha de metais na cidade de Lisboa para uso na produção de nova moeda, presente na Crónica de D. João I.
Na primeira década do novo milénio, as imagens tornam-se mais estilizadas e genéricas como é exemplo o postal do ano 2008. Com a criação da nova logomarca INCM em 2010, pelo designer Eduardo Aires, assiste-se ao renovar da edição dos postais de Boas Festas, que passam a estar associados à agenda produzida para o mesmo ano, num trabalho integrado da Unidade de Publicações da empresa. A partir de então, procura-se aliar os temas com as comemorações da cultura histórica e literária portuguesa, editando o postal institucional com uma imagem grafiacamente mais despojada, apelativa e contemporânea, através do uso de um design gráfico de cores e tipografia fortes, marcantes e destacadas.
Como exemplos: o postal do ano 2011, enquadrado nas comemorações do V centenário do nascimento de Fernão Mendes Pinto. Este postal contém um excerto de texto da Peregrinação, com desenhos do arquiteto e artista plástico Carlos Marreiros.
O postal de 2015 centra-se na comemoração do centenário da publicação da revista Orpheu, onde se reproduzem as imagens das capas dos dois únicos números publicados da revista.
Por fim, o postal de 2016 retrata a comemoração do centenário do nascimento de Vergílio Ferreira, um dos escritores e autores mais importantes do século XX literário português, destacando um excerto da sua obra Aparição.
Boas festas!
MJG