Mar e Tudo e Outros Casos, de José Francisco Costa, é o mais recente volume da coleção «Comunidades Portuguesas», a coleção que pretende trazer a público testemunhos, documentos, ensaios e obras de criação literária respeitantes aos portugueses que vivem, trabalham e criam fora de Portugal. Com esta coleção, iniciativa conjunta do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Imprensa Nacional-Casa da Moeda, quer dar-se visibilidade e voz às nossas comunidades residentes no estrangeiro.
Sobre este livro, escreve o autor:
O que escrevi sou eu comigo e a minha circunstância: tenho o mar por parteira e cresci no meio da gente de que as quadras seguintes são descolorido retrato. O Mar e Tudo e Outros Casos e eu, viemos os dois daqui: Trago o pensamento cheio / de lembranças de menino / de alma partida ao meio: / cada metade um destino. // Minha mãe, maria terra / o meu pai, toino do mar: / a alma dela tão tenra / pôs a dele a naufragar.
Este livro é também uma outra escrita de que eu, embora não totalmente alheio a ela, não me sinto o único progenitor. Mar e Tudo e Outros Casos é outro livro imaginado e sonhado por amigos meus que, por esta simples razão, terão iniciado, comigo, a sua reescrita.
Registo aqui, para além de outros, Onésimo T. Almeida que me diz que «[o livro] tem esse título porque é exatamente isso: mar em tudo e maré cheia do tudo da vida de um português da ilha que agarrou da mala, rumou para Oeste como milhares de antepassados seus […] É um poema longo, espécie de prosema, ladainha em que o autor encadeia histórias com sonhos, memórias com esperanças, sofrimentos com violão, agruras com aspirações, tudo salpicado de palavras molhadas na frescura da água salgada».
E Artur Goulart, que de Évora me escreve: «Não resisti a iniciar a viagem. Já vou quase a meio canal, com ventinho fresco, agradável, deliciado com as ondas de ternura e sensibilidade, com as palavras certas a correr e saltar que nem toninhas. Quando chegar ao outro lado do canal, mando notícias». E a voz, aqui ao lado, em Massachusetts, de Francisco Fagundes: «Barco, mar e ilha são a tríade simbólica do destino do ilhéu». Do Brasil, Assis Brasil descobre e ensina-me que o que escrevi «é a summa dos teus mitos pessoais, que são, também, de todas as pessoas que, tendo a condição de ilhéu, dividem a sua alma em várias partes, nem sempre transitivas». E Eduardo Bettencourt Pinto que, do Canadá, afirma que o livro é mais um sinal do «rumor salgado do nosso mar e da nossa memória».
Este livro é tudo isto e o mais que os leitores quiserem acrescentar.
Sobre o autor
José Francisco Costa nasceu nas Capelas, São Miguel, Açores. É casado com Lourdes O. Costa. O casal, que reside em Smithfield, Rhode Island, tem três filhos (Tiago, Teresa e André) e seis netos. Tem um Doutoramento em Literatura Portuguesa Contemporânea, pela Universidade de Amherst, Massachusetts, e um Mestrado em Estudos Portugueses e Educação Bilingue, pela Universidade de Brown, Rhode Island. Frequentou o Seminário de Angra do Heroísmo, a Universidade Católica Portuguesa e licenciou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. José Francisco Costa tem publicado poemas, contos e ensaios em jornais, revistas e antologias, nos Estados Unidos e em Portugal. É autor das seguintes obras: Crónica do 25; Mar e Tudo; E da Carne se Fez Verbo; Ficou-me na Alma este Gosto; Terra do Papá, Ilhas de Vavô; A Correspondência de Jorge de Sena — Um Outro Espaço da sua Escrita; Estórias do Tempo; Saudades (tradução), de Frances Dabney. É autor de composições musicais interpretadas pelo Duo Ouro Negro, o Grupo de Cantares Belaurora, Carlos Alberto Moniz, e outros grupos e intérpretes dos Açores e da diáspora. Lecionou em Setúbal, Amadora e Loures. Radicado desde 1978 em Rhode Island, tem continuado a sua atividade como professor em escolas portuguesas e americanas. Foi diretor pedagógico da Escola Portuguesa de East Providence. É professor de Português e foi o fundador e diretor do LusoCentro no Bristol Community College, em Fall River.