Cypriano Joseph da Rocha. Relato de uma vida entre Portugal e o Brasil na «Idade do Ouro», de António Andresen Guimarães, é um ensaio que percorre o trajeto de vida, privada e pública, de Cypriano Joseph da Rocha que, a 26 de maio de 1728, deixa Lisboa, acompanhado pelos dois filhos, e embarca, na Ribeira das Naus, rumo ao Brasil.
Cypriano José da Rocha vai ocupar, na capitania da Baía, o cargo de juiz dos órfãos, por mercê de Sua Majestade el-rei D. João V, o Magnânimo, e uns anos mais tarde, na capitania de Minas Gerais, o de ouvidor da comarca de Rio das Mortes, esse extenso território que, provavelmente ele não o saberia, era maior do que o Reino que ele deixava.
Este ensaio tem pois enfoque no período brasileiro, onde se destaca a missão que levou Cypriano Joseph da Rocha sertão adentro, à descoberta das minas do Rio Verde, ultrapassando os rios Baependi, Lambari e Sapucaí, e que tem um momento marcante na fundação, como ele designou, de um arraial a que pôs o nome de Arraial de São Cipriano.
Ultrapassada a fase de adaptação, ao clima, à alimentação, aos costumes e à vida social de um território em desenvolvimento e também em expansão para novas fronteiras, vivendo as mutações económicas, sociais e políticas que o novo ciclo do ouro trazia à América portuguesa, Cypriano integra-se nesse novo mundo, de que dá conta nas cartas que regularmente foi escrevendo a sua mulher.
Escreve António Andresen Guimarães na «Introdução» ao livro:
O nome de Cypriano Joseph da Rocha não figura em nenhuma enciclopédia, muito menos em qualquer compêndio de História. Segundo os critérios de uma história tradicional, não foi estadista célebre ou militar que mereça ser recordado pelos seus feitos heróicos; não deixou obra literária, nem fez qualquer descoberta científica que preserve o seu nome. Não se lhe conhecem qualidades excecionais que justificassem que o seu nome ficasse gravado na História. No entanto, o nome de Cypriano Joseph da Rocha, cuja biografia aqui ensaiamos, sobreviveu à passagem do tempo, num círculo limitado de influência é certo, mas tal não significa que o conhecimento da sua vida não constitua motivo de interesse. Pelo contrário, como procurarei dar testemunho.
Quando comecei a interessar-me por esta personagem e fui fazendo as minhas pesquisas, surpreendi-me com as inúmeras vezes que o seu nome aparecia citado. Na atribuição de fundação de cidades, na sua toponímia, em diversos estudos sobre a história de Minas Gerais, etc., Cypriano Joseph da Rocha constituía uma referência. Comecei a ler esses estudos e a ganhar interesse pela personagem. O facto de ser seu descendente direto me dava um impulso e interesse pessoal acrescido e motivação para investigar e aprofundar os conhecimentos e dados que ia recolhendo. E, sobretudo, por dispor de acesso privilegiado a fontes documentais diretas e inéditas, que permaneceram durante séculos preservadas na casa onde Cypriano viveu e morreu e que, por sucessão, pertence ao autor deste ensaio biográfico. (…)
in «Introdução» de Cypriano Joseph da Rocha. Relato de uma vida entre Portugal e o Brasil na «Idade do Ouro»