No âmbito da 1.ª edição do Festival 5 L, Daniel Pires fala sobre a biografia do poeta sadino, Bocage, baseado na obra Bocage ou o Elogio da Inquietude (chancela Imprensa Nacional).
Bocage ou O Elogio da Inquietude
Poeta de primeira água, Bocage (1765-1805), escritor compulsivo e seminal, trilhou, em páginas de filigrana, os caminhos da lírica, da sátira, do erotismo e do drama e traduziu alguns dos principais escritores clássicos greco-latinos, franceses e italianos. Por ser apologista do livre-pensamento foi amplamente censurado. Recorreu à clandestinidade para dar a conhecer o primeiro manifesto feminista português, que redigiu em verso, e compôs um manifesto iluminista, que punha em causa os fundamentos da ordem social vigente. Conheceu a fama e a fome: levou a poesia do palácio para a rua, democratizou-a, dizendo-a nos cafés, nas feiras, nos botequins e no «Passeio Público», onde também vendia, para angariar meios de subsistência, os seus manuscritos, exaustivamente cinzelados, sem cessar burilados. A inveja dos rivais da Academia de Belas-Letras, a inquietude que o possuía e a transgressão expressa, designadamente, na sua obra clandestina, que encerra as sementes da liberdade e da alteridade, conduziram-no, várias vezes, ao cárcere. Respondeu, então, perante a Intendência-Geral da Polícia e a Inquisição, que o tentaram, sem êxito, reeducar. Para cúmulo, sem túmulo: faleceu na flor da idade, aos 40 anos, e os seus restos mortais foram parar à vala comum.
Daniel Pires
Licenciado em Filologia Germânica e doutorado em Cultura Portuguesa, foi professor cooperante em São Tomé e Príncipe e em Moçambique, professor do ensino secundário e leitor de português nas Universidades de Glasgow, Macau, Cantão e Goa. Dirige o Centro de Estudos Bocageanos desde a sua fundação, em 1999. É autor de, entre outras, as seguintes obras: Dicionário de Imprensa Literária Portuguesa do Século XX, Dicionário Cronológico da Imprensa Macaense do Século XIX, Bocage. A Imagem e o Verbo e Bocage ou O Elogio da Inquietude, bem como de ensaios sobre Camilo Pessanha, Wenceslau de Moraes, o Padre Malagrida, o Marquês de Pombal e Raul Proença. Colaborou no Dicionário de Fernando Pessoa, Dicionário da República, Dictionary of Literature of the Iberian Peninsula, Cambridge Guide to World Theatre, Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Dicionário de História de Portugal e Dicionário do 25 de Abril.
A sessão é gratuita
Entrada limitada à capacidade da sala.
Siga o evento na ligaçãohttps://www.facebook.com/ImprensaNacional e em https://www.instagram.com/imprensanacional.pt