José Dias de Melo nasceu a 8 de abril de 1925 na Calheta de Nesquim, no Pico, nos Açores («uma terra mais bonita não há em parte nenhuma», como diria num poema) e morreu em Ponta Delgada, aos 83 anos.
Facilmente reconhecido pelo seu cachimbo e pelo sotaque que nunca perdeu, foi escritor, baleeiro, professor do ensino primário e do ensino técnico.
«Desastre no Canal», datado de quando tinha apenas 12 anos, foi a sua primeira aventura na escrita e veio dar origem à obra Mar pela Proa, sendo Toadas do Mar e da Terra (1954) a primeira incursão na poesia. Colaborou com jornais regionais (Correio dos Açores e Açoriano Oriental) e nacionais (Diário de Notícias), e construiu na sua longa carreira — com mais de 30 livro publicados — uma obra eclética. Fez recolha etnográfica, que se reflete na sua escrita (como em Na Memória das Gentes, de 1990 e 1992), publicou romances, contos, poesia, crónicas e relatos de viagem, tendo sempre em conta a visão do homem açoriano, de uma forma geral, e a do baleeiro de uma forma particular e muito própria, já que também ele era um orgulhoso filho das ilhas e um (esporadicamente) caçador de baleias.
Embora não se tenha prendido a um estilo específico, enquadra-se no movimento neorrealista, aproximando-se de autores como John Steinbeck, pelo qual nutria especial interesse. A visita que faz à sua casa dá, inclusivamente, origem à crónica «O Santuário de Steinbeck», incluída em Das Velas de Lona às Asas de Alumínio (1991). Num trabalho de investigação sobre o autor, publicado em 2017 por Maria João Dodman (natural de S. Miguel, Açores, e professora associada na York University, no Canadá), é referida a forma como valoriza a terceira idade, reivindicando «a sua humanidade, valor social, económico e cultural», configurando «novas e positivas formas de ser e viver a velhice» e induzindo «a uma reflexão comovente sobre o tema em um processo de autoidentificação, bondade e respeito».
A sua aproximação à terra, ao difícil e valeroso trabalho no mar e às gentes que habitavam estes espaços, faziam adivinhar a sua militância no PCP ainda durante o Estado Novo, tendo sido, segundo Vasco Lourenço, «uma peça fundamental na preparação da luta contra a ditadura».
José Dias de Melo foi, até ao fim, coerente na forma como via o mundo, sempre através da lente da insularidade: «Meus amigos baleeiros, / ouvi este meu cantar: / Eu também sou baleeiro, / também sou homem do mar.»
Com a Imprensa Nacional publicou:
«O Ciclo da Baleia»