Depois de Os Universos da Crítica, A Mecânica dos Fluidos, A Noite do Mundo e A Poesia Ensina a Cair, Crónicas – Política e Cultura é o mais recente livro da «Coleção Biblioteca Eduardo Prado Coelho» com organização e notas de Margarida Lages.
Professor, ensaísta e escritor, Eduardo Prado Coelho (1944-2007) foi colaborador do Público desde o primeiro número, onde manteve nos últimos dez anos de vida uma coluna de crónicas diárias: O Fio do Horizonte.
Algumas dessas crónicas vai poder ler ou reler em Crónicas – Política e Cultura. Contas feitas, 33 ao todo.
«Ler hoje os textos de Eduardo Prado Coelho torna-se uma obrigação para pensar a política cultural, para entender que só se pode intervir numa realidade que se conhece», pode ler-se na «Nota Introdutória», assinada por Margarida Lages.
Se tivesse vivido na primeira metade do século passado, ou mesmo no final do século xix, Eduardo Prado Coelho teria passado à posteridade como jornalista, tão contínua foi a sua presença nas páginas das principais publicações periódicas portuguesas ao longo da sua vida adulta. De facto, durante quatro décadas, de finais dos anos 1960, quando veio agitar as águas paradas da crítica periódica de cinema nas páginas do Diário de Lisboa, até aos seus últimos dias de vida, com assinatura diária no Público, o Eduardo nunca deixou de escrever para os jornais, fazendo-o com um delicado equilíbrio entre a intervenção político-cultural, sempre acutilante, e a crónica literária, sempre estimulante. Tornou-se, por isso, o intelectual português procedente do meio académico com mais frequente e descomplexada participação no espaço público, fazendo-o através de uma produção incessante destinada a ser veiculada através da imprensa escrita. E, seguramente, um dos de mais clara visibilidade mediática, ainda que a televisão nunca tenha sido o seu meio de comunicação preferido. Foi, além disso, professor universitário, responsável cultural da diplomacia portuguesa em França, escritor de diversa produção, conversador envolvente e cidadão envolvido na discussão da coisa pública, nas suas vertentes cultural e política. Os textos que aqui se reúnem são uma pequeníssima parte da sua produção, 33 entre centenas, cobrindo um período de tempo de duas décadas, a partir do início dos anos 1990.
António Mega Ferreira, no «Prefácio», que antecede Crónicas – Política e Cultura, de EPC.