Michel Eyquem de Montaigne nasceu a 28 de fevereiro de 1533 no Castelo de Montaigne (França), onde faleceu a 13 de setembro de 1592. Já muito se disse e muito se escreveu sobre aquele que é o guardião perene da Sorbonne, que cinco séculos depois de ter escrito os seus Essais continua a ser, juntamente com Shakespeare e Cervantes, dos poucos autores do Renascimento que ainda é lido pelo público de hoje.
Também as obras que lhe são dedicadas são quase sempre sucessos editoriais: Un été avec Montaigne (2013), de Antoine Compagnon, e How to Live, or a life of Montaigne in one question and twenty attempts at an answer (2011) de Sarah Bakewell são bons exemplos disso. Também por cá a Assírio e Alvim trouxe de volta Stefan Zweig (1881-1942) com o ensaio biográfico Montaigne e, em 2015, a Imprensa Nacional publicou O Essencial sobre Michel de Montaigne, de autoria de Clara Rocha.
Clara Rocha é um nome de prestígio no meio universitário português. Pelas suas aulas — entre Coimbra e Lisboa — passaram gerações e gerações de alunos; arguiu quase uma centena de teses de mestrado e doutoramento, todas com um contributo a dar para os estudos literários. Também o Estado português reconheceu a relevância do seu trabalho, distinguindo-a com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique. Depois de outros prémios (como o Prémio de Ensaio do PEN Clube em 2003 e o Grande Prémio de Ensaio da APE em 2004). Clara Rocha recebeu também o Prémio Jacinto do Prado Coelho 2016, precisamente pela sua obra O Essencial sobre Michel de Montaigne.
Recorde-se que Michel de Montaigne — que descende de judeus iberos pelo lado materno — é considerado o inventor do ensaio e da experiência da representação literária do eu, um escritor que procurou sobretudo uma arte de viver.
Em entrevista à PRELO, concedida em maio de 2017, Clara Rocha explicou-nos o fascínio por este filósofo e escritor francês (sim, um e outro não se excluem): «Montaigne toca os mais variados assuntos» e tem «sempre o humano no centro das suas preocupações».
Montaigne, que escrevia ao sabor das suas leituras e reflexões toca mesmo, em páginas muito vivas, assuntos tão embaraçosos como desconcertantes para a sua época: traz a lume os direitos das mulheres; critica os dogmatismos religiosos e as lutas entre católicos e protestantes, denunciando as atrocidades, num século XVI sanguinário, das guerras de religião em França; e num tempo em que se descobria (e explorava) o Novo Mundo relembra, no seu ensaio Dos Canibais, a crueldade dos portugueses para com os seus prisioneiros. Estas e muitas outras questões vêm espelhadas no nr.º 127 da coleção «O Essencial Sobre». Conheça mais detalhes sobre esta obra na nossa loja online. Aqui.