Júlio Dinis foi o nome literário adotado por Joaquim Guilherme Gomes Coelho, nascido em 14 de novembro de 1839, no Porto, cidade onde vem a falecer em 12 de setembro de 1871. A tuberculose que se manifesta aos 18 anos, quando era aluno da Escola Médico‑Cirúrgica do Porto, vitimou igualmente todos os seus irmãos, assim como sua mãe, de quem fica órfão com 5 anos apenas. A doença não o impede, porém, de concluir o curso e, em 1865, ingressa como docente na Escola onde, seguindo as pisadas do pai, se fizera médico. E de se tornar num nome incontornável da literatura portuguesa.
Não se podem considerar pacíficos ou monótonos, no panorama político e social português, os 32 anos a que se resumiu a vida breve de Júlio Dinis. Segue-se a «Nota biobibliográfica de Júlio Dinis», assinada por Maria do Rosário Cunha e publicada na edição, de 2017, da Imprensa Nacional de As Pupilas do Senhor Reitor (coleção «Biblioteca Fundamental da Literatura Portuguesa»).
1839 Joaquim Guilherme Gomes Coelho (que virá a adotar o nome literário de Júlio Dinis) nasce no Porto, a 14 de novembro. Filho de José Joaquim Guilherme Coelho, médico e natural de Ovar, e de Ana Constança Potter Pereira Lopes, de ascendência inglesa.
1840 José Estêvão funda o jornal A Revolução de Setembro.
Almeida Garrett publica D. Filipa de Vilhena.
1842 Golpe militar de Costa Cabral e reposição da Carta Constitucional.
Costa Cabral é nomeado ministro do Reino, inaugurando um período governativo de tendência conservadora e autoritária, que ficou conhecido por «Cabralismo».
Almeida Garrett publica O Alfageme de Santarém.
Alexandre Herculano publica Cartas sobre a História de Portugal.
Nascem Antero de Quental, Manuel Pinheiro Chagas e Júlio Lourenço Pinto.
1843 Almeida Garrett publica Frei Luís de Sousa e o 1.º volume do Romanceiro; início da publicação em folhetins, na Revista Universal Lisbonense, de Viagens na Minha Terra.
Alexandre Herculano dá início à publicação em folhetins, n’O Panorama, de O Bobo.
Nasce Teófilo Braga.
1844 Alexandre Herculano publica, em volume, Eurico, o Presbítero e O Pároco da Aldeia.
Em Coimbra, sai o 1.º número da revista de poesia O Trovador.
1845 Almeida Garrett publica o 1.º volume de O Arco de Sant’Ana e Flores sem Fruto.
Nascem Oliveira Martins e Eça de Queirós.
1846 Revolta popular da «Maria da Fonte».
Queda do governo de Costa Cabral e início da guerra civil.
Inauguração do Teatro Nacional D. Maria II.
Almeida Garrett publica, em volume, Viagens na Minha Terra.
Alexandre Herculano publica o 1.º volume da História de Portugal.
Nascem Gonçalves Crespo e Rafael Bordalo Pinheiro.
1847 Assinatura da «Convenção de Gramido» que põe fim à guerra civil.
Alexandre Herculano publica o 2.º volume da História de Portugal.
Nascem Jaime Batalha Reis e Maria Amália Vaz de Carvalho.
1848 Sai em volume a coleção poética de O Trovador.
Almeida Garrett publica A Sobrinha do Marquês.
Alexandre Herculano edita em volume O Monge de Cister, publicado em folhetins n’O Panorama, em 1841.
António Lopes de Mendonça publica Memórias de um Doido.
1849 Regresso ao poder de Costa Cabral, apoiado pelo duque de Saldanha.
Alexandre Herculano publica o 3.º volume da História de Portugal.
Nascem Pedro Ivo e Teixeira de Queirós.
1850 Almeida Garrett publica o 2.º volume de O Arco de Sant’Ana.
Camilo Castelo Branco publica Anátema.
Bulhão Pato publica Poesias.
Nasce Guerra Junqueiro.
1851 Golpe político-militar chefiado pelo duque de Saldanha, dando origem à «Regeneração», período marcado pelas medidas de fomento económico de Fontes Pereira de Melo.
Em Coimbra, sai o 1.º número da revista de poesia O Novo Trovador.
Alexandre Herculano edita em volume as Lendas e Narrativas, anteriormente publicadas n’O Panorama.
1853 Almeida Garrett publica Folhas Caídas.
Alexandre Herculano publica o 4.º volume da História de Portugal.
Morre D. Maria II.
1854 Alexandre Herculano publica o 1.º volume de História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal.
Camilo Castelo Branco publica Os Mistérios de Lisboa.
Morre Almeida Garrett.
1855 Aclamação de D. Pedro V.
Alexandre Herculano publica o 2.º volume de História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal.
Camilo Castelo Branco publica O Livro Negro do Padre Dinis.
Nasce Cesário Verde.
1856 Joaquim Guilherme Gomes Coelho ingressa na Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Escreve as suas primeiras peças de teatro: Bolo Quente e O Casamento da Condessa de Vilar Maior.
Inauguração do primeiro troço de caminho de ferro Lisboa-Carregado (36 km).
Camilo Castelo Branco publica Onde está a Felicidade?
Bulhão Pato publica Paquita.
Nasce Abel Botelho.
1857 Revela-se a doença que acabará por vitimar Júlio Dinis.
Escreve as peças de teatro: O Último Baile de D. José da Cunha, Os Anéis ou Inconvenientes de Amar às Escuras e As Duas Cartas.
Nascem Fialho de Almeida e Sampaio Bruno.
1858 Ainda sem utilizar o nome literário por que ficará conhecido (Júlio Dinis), escreve a primeira novela, publicada em folhetins no Jornal do Porto: Justiça de Sua Majestade.
Escreve mais duas obras dramáticas: Similes Similibus e Um Rei Popular.
Presume-se que é neste ano que começa a redigir Uma Família Inglesa.
Camilo Castelo Branco publica Carlota Ângela.
1859 Criação do Curso Superior de Letras, em Lisboa.
1860 Júlio Dinis escreve outras duas peças de teatro: Um Segredo de Família e A Educanda de Odivelas.
1861 Joaquim Guilherme Gomes Coelho acaba o curso de Medicina com altas classificações.
Publica uma poesia n’A Grinalda (revista literária portuense), pela primeira vez assinando Júlio Dinis.
Morre D. Pedro V, sucedendo-lhe seu irmão D. Luís.
Camilo Castelo Branco publica Memórias do Cárcere.
Rodrigo Paganino publica Os Contos do Tio Joaquim.
1862 Júlio Dinis publica, em folhetins no Jornal do Porto, duas novelas: As Apreensões de Uma Mãe e O Espólio do Senhor Cipriano.
Camilo Castelo Branco publica Amor de Perdição.
Tomás Ribeiro publica D. Jaime.
1863 Agrava-se a doença de Júlio Dinis que parte para uma estadia em Ovar, na procura de ares mais saudáveis: presume-se ser aqui que começa a redação de As Pupilas do Senhor Reitor e que esboça A Morgadinha dos Canaviais.
Antero de Quental publica, em Coimbra, os sonetos «Fiat Lux» e «Beatrice».
1864 Teófilo Braga publica Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras.
Surge o jornal Diário de Notícias.
1865 Antero de Quental publica Odes Modernas.
Inicia-se a polémica que ficou conhecida por «Questão Coimbrã».
Teófilo Braga publica Contos Fantásticos.
Morre António Lopes de Mendonça.
1866 Júlio Dinis inicia a publicação, em folhetins no Jornal do Porto, de As Pupilas do Senhor Reitor.
Eça de Queirós inicia a publicação, na Gazeta de Portugal, dos textos postumamente editados no volume com o título Prosas Bárbaras.
Camilo Castelo Branco publica A Queda de Um Anjo.
1867 Júlio Dinis publica, em volume, As Pupilas do Senhor Reitor.
Inicia a publicação, em folhetins no Jornal do Porto, de Uma Família de Ingleses.
Em Évora, onde permanece de janeiro a agosto, Eça de Queirós dirige e redige o Jornal O Distrito de Évora.
Nascem António Nobre, Raul Brandão e Camilo Pessanha.
1868 Depois de publicado em folhetins, no Jornal do Porto, com o título Uma Família de Ingleses, é publicado em volume o romance de Júlio Dinis, Uma Família Inglesa.
Publicação, em folhetins no Jornal do Porto, de A Morgadinha dos Canaviais.
A Morgadinha dos Canaviais sobe à cena, em Lisboa, segundo uma adaptação de Ernesto Biester.
Tomás Ribeiro publica Delfina do Mal.
Surge o jornal O Primeiro de Janeiro.
1869 Júlio Dinis parte para uma estadia na Madeira, onde voltará mais duas vezes, devido ao agravamento da doença.
Viagem de Eça de Queirós ao Médio Oriente.
O Primeiro de Janeiro publica os Poemas do Macadam de Carlos Fradique Mendes.
Morre Arnaldo Gama.
1870 Júlio Dinis publica Serões da Província, volume que reúne as novelas publicadas em folhetins no Jornal do Porto.
Eça de Queirós e Ramalho Ortigão iniciam a publicação, em folhetins no Diário de Notícias, de O Mistério da Estrada de Sintra.
Santos Nazaré publica Eva.
1871 Júlio Dinis morre no Porto, a 12 de setembro, sem ter completado a revisão de Os Fidalgos da Casa Mourisca.
Realização das «Conferências do Casino».
Ramalho Ortigão e Eça de Queirós dão início à publicação de As Farpas.
Morre Rebelo da Silva.
1872 Publicação póstuma do romance Os Fidalgos da Casa Mourisca.
1874 Publicação póstuma de Poesias.
1910 Publicação póstuma de Inéditos e Esparsos.
1946-1947 Publicação póstuma de Teatro Inédito, em três volumes.